MANIFESTAÇÃO

Na véspera do 7 de setembro, manifestantes mostram apoio a Bolsonaro

Bolsonaristas se concentram em dois acampamentos e lotam rede hoteleira de Brasília

Na véspera dos atos do Dia da Independência, apoiadores de Jair Bolsonaro começaram a dar o tom dos protestos marcados para esta terça-feira (6/9). Dezenas de ambulantes vendiam produtos de cores verde e amarela estampados com o rosto do presidente e preenchiam parte do caminho entre o Eixo Monumental e a Esplanada dos Ministérios. Carros e motos decorados com bandeiras do Brasil também eram vistos a todo momento. Manifestantes ostentavam camisetas e faixas com suas reivindicações, entre elas, a destituição de ministros do STF, voto impresso e até mesmo intervenção militar com Bolsonaro no poder.

Os principais pontos de concentração foram na Praça do Leão, localizada no Recanto das Emas, e no Centro de Tradições Gaúchas Jayme Caetano Braun (CTG), no Setor de Clubes Sul. Motocicletas, caminhões, carros e até trailers estavam estacionados nos dois locais. A reportagem do Correio tentou conversar com manifestantes no CTG, mas a entrada não foi permitida pelos organizadores.

Além da grande quantidade de pessoas nos acampamentos, outro termômetro da adesão bolsonarista ao ato é confirmada pela alta procura por hotéis em Brasília. De acordo com Associação Brasileira de Indústria de Hotéis do Distrito Federal (ABIH-DF), os hotéis do centro da capital estão operando com quase 100% da capacidade até o dia 6 de setembro, véspera do feriado, e 80% no dia 7. Um sinal de que muitos hóspedes vão voltar para suas cidades após o ato.

Na Esplanada dos Ministérios, alguns manifestantes preferiram se antecipar e foram demonstrar apoio, já na segunda-feira (6), a Jair Bolsonaro e também suas rusgas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar da quantidade pequena de pessoas, deu para sentir o termômetro do ato nesta terça-feira (7), que já contava com forte esquema de segurança na Praça dos Três Poderes.

Entre os presentes na pré-manifestação se destacavam evangélicos e pessoas que se entendem como conservadoras. Algumas pessoas faziam orações. Outras, ficaram em frente ao Palácio do Planalto para chamar a atenção de Bolsonaro, como Adenir Pereira Afonso, de 67 anos. O agricultor que trazia uma faixa com críticas ao ministro do STF, Edson Fachin e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, manifestou seu apoio ao chefe do Planalto.

“Eu que sou evangélico e observo o destino do país desde que votei a primeira vez, vejo em Bolsonaro um homem que Deus levantou para governar esse país e expulsar esses demônios do Congresso e do STF. Nós temos um Supremo Tribunal Federal acovardado ao serviço da esquerda, querendo destruir o presidente Bolsonaro. Bolsonaro é um homem que teme a Deus, que tem compromisso com o povo brasileiro, basta ouvir ele falar”, disse o senhor que veio de Manaus. “É um presidente que a gente tem que defender ele e se possível ir até a morte com o Bolsonaro para defendê-lo”, concluiu.

De cunho religioso ou político, o discurso dos manifestantes seguia a linha de que o fracasso da economia e a alta dos preços de produtos como combustíveis e alimentos, motivados pela alta do dólar e da inflação, eram de responsabilidade de terceiros, que não o presidente Jair Bolsonaro.

Outro ponto em comum foi a hostilidade latente contra os ministros do judiciário. Entre os que dispararam palavras de ordem, estava Edson Nunes, empresário de 51 anos. “O brasileiro está cansado da corrupção. Nesse sentido a gente conseguiu um presidente melhor, mas os corruptos atrapalham o Bolsonaro. No STF mesmo, tem o bandido do Alexandre de Moraes (ministro do STF). Agora o povo precisa ir para a rua ajudar, porque sozinho, ele (Bolsonaro) não vai conseguir governar”, afirmou.

A citação a Alexandre de Moraes não foi um caso isolado. Bolsonaristas que passavam em frente ao tribunal pediam sua saída. Alguns chamaram-o de “Xandão”, fazendo referência a um áudio vazado de Roberto Jefferson, presidente do PTB, preso por fazer ameaças ao STF. Manifestantes mais exaltados chegaram a fazer menção à morte do ministro, que sofreu ameaça semelhante durante uma live que reuniu bolsonaristas radicais no fim de semana. Após revelar que um empresário grande estaria oferecendo dinheiro pela “cabeça” de Alexandre de Moraes, Márcio Giovani Nique, mais conhecido como professor Marcinho, foi preso de forma preventiva pela Polícia Federal no domingo (5/9), em Santa Catarina.

Raphael Felice/D.A Press - Manifestantes mostram apoio a Bolsonaro e atacam o STF
Raphael Felice/D.A Press - Adenir Pereira Afonso, de chapéu, protesta em frente ao Palácio do Planalto. Outros manifestantes estendem faixas pedindo "impeachment do STF".
Raphael Felice/D.A Press - Manifestantes mostram apoio a Bolsonaro e atacam o STF