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'Politização é um desastre', diz Pedro Westphalen sobre gestão da saúde no Brasil

Presidente da Frente Parlamentar da Imunização, o deputado destacou o desgaste do setor com insistente trocas de gestores e ressaltou o trabalho do colegiado na criação de políticas públicas. Nesta quinta-feira (30/9), o Correio realizou debate Impacto Social das Doenças Pulmonares Graves

Tendo as doenças respiratórias como as principais causas de morte em todo o mundo, especialistas e gestores de saúde estão diante do desafio de debater tendências e políticas públicas para administrar o problema. Reunindo autoridades e especialistas ligados ao assunto, o Correio Braziliense realizou, nesta quinta-feira (30/9), o seminário virtual Correio Talks — Impacto Social das Doenças Pulmonares Graves. O evento foi transmitido pelas redes sociais do jornal (site, Facebook, Instagram e YouTube) .

Convidado do painel, o deputado federal Pedro Westphalen (PP-RS) ressaltou a importância da Frente Parlamentar da Imunização. O político, que é médico e presidente do colegiado, criticou a interferência política nos órgãos de saúde e destacou o desgaste do setor. “Lamentavelmente, temos uma ‘não política’ permanente no Ministério da Saúde. Tivemos, nos últimos quatro ou seis anos, mais de 20 ministros da Saúde. Não tem como dar continuidade a um processo regular de políticas públicas”, disse.

Westphalen ainda deu o exemplo do atual governo. “Já são quatro ministros nesse atual. Não tem como trocar um ministro por ano. A politização é um desastre. Temos que colocar pessoas que conheçam o sistema. A saúde é um processo tão grande no Brasil que mexe com o PIB nacional”, ressaltou o deputado.

Muito trabalho

Sobre a frente parlamentar, Pedro Westphalen apontou que é preciso fazer um trabalho de organização para provocar a discussão do tema entre a sociedade, o parlamento e as indústrias especializadas. “Temos visto, reiteradamente, diagnósticos mal feitos de pessoas com essas doenças ou feito fora de tempo. Isso faz com que pacientes que, por exemplo, tenham uma fibrose cística, tenham o seu período de vida contado. Vai fazer com que ele fique excluído de uma sociedade e tenha reiteradas internações hospitalares”, alertou.

Na avaliação de Westphalen, o grupo tem um longo caminho a percorrer. Os assuntos a serem tratados vão desde customização de tratamentos até dados sobre os pacientes. “Temos como avançar na promoção, diagnóstico e tratamento. Estamos fazendo vozes ativas para que políticas públicas sejam implementadas e executadas”, disse. “O engajamento social é fundamental. temos várias frentes parlamentares e estamos pensando em coisas maiores em Brasília", concluiu.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como doenças respiratórias aquelas que atingem de maneira crônica as vias aéreas superiores e inferiores. Tais distúrbios estão relacionados a fatores genéticos e hereditários, como a fibrose cística e a hipertensão arterial pulmonar, por exemplo, ao passo que outras são preveníveis.