SENADO

CPI da Covid vai apurar viagens de ex-diretor do Ministério da Saúde

Vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que a empresa de logística VTCLog pagou passagens aéreas, no valor total de R$ 80 mil, para Roberto Ferreira Dias, ex-chefe do setor de Logística da pasta

Jorge Vasconcellos
postado em 05/10/2021 17:41 / atualizado em 05/10/2021 17:42
 (crédito: Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). (foto: Pedro França/Agência Senado))
(crédito: Senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). (foto: Pedro França/Agência Senado))

A CPI da Covid vai apurar detalhes de viagens feitas por Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, com passagens emitidas pela agência Voetur Turismo, pertencente à empresa de logística VTCLog, que é alvo da investigação parlamentar. Um requerimento nesse sentido, apresentado pelo vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), foi aprovado nesta terça-feira (5/10), durante o depoimento de Raimundo Nonato Brasil, sócio da VTCLog.

A empresa de logística tem um contrato de cerca de R$ 500 milhões com o Ministério da Saúde, para armazenamento e distribuição de insumos, incluindo as vacinas contra a Covid-19. O contrato foi assinado em dezembro de 2018, quando o titular da pasta era o atual líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-AL). Neste ano, a VTCLog conseguiu ainda, com autorização de Roberto Dias, um aditivo ao contrato no valor dezoito vezes maior do que o recomendado pela área técnica do ministério.

O requerimento aprovado pela CPI deu prazo de 24 horas para a Voetur fornecer informações sobre as viagens de Roberto Dias, como datas, destinos, preço das passagens e forma de pagamento. Segundo afirmou Randolfe Rodrigues, documentos em poder da comissão apontam que a VTCLog pagou boletos do ex-diretor do Ministério da Saúde com valores que totalizam "quase R$ 80 mil".

Durante o depoimento, Raimundo Nonato respondeu à maioria das perguntas, mesmo amparado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) que o autorizou a não responder a perguntas que pudessem incriminá-lo. Porém, suas respostas não foram suficientes para sanar as dúvidas dos senadores.

O empresário estava acompanhado por Andreia Lima, que é uma das diretoras da VTCLog. Durante a inquirição, porém, ela atuou como advogada do depoente. Quando Raimundo Nonato não conseguiu dar detalhes sobre as viagens de Roberto Dias, Andreia foi autorizada pela comissão a prestar os esclarecimentos.

Ela negou que a VTCLog tenha pago passagens para o ex-diretor do Ministério da Saúde. Disse que Roberto Dias pagava as passagens em dinheiro ou depósito bancário e que, depois, para dar baixa financeira e contábil, a Voetur pagava os mesmos boletos no banco.

A CPI apura a relação da empresa com o governo e se houve algum beneficiamento ilícito a Roberto Dias. Em junho, ele foi exonerado do cargo por envolvimento em outro caso investigado pela comissão: a suspeita de que pediu propina em uma negociação para compras de vacinas contra a covid-19.

A CPI da Covid descobriu que a VTCLog movimentou, em transações consideradas atípicas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), R$ 117 milhões nos últimos dois anos. Desse valor, quase R$ 5 milhões foram movimentados por Ivanildo Gonçalves, motoboy que trabalha a serviço da empresa e que já foi ouvido pela comissão parlamentar.

A CPI tem evidências de que Ivanildo realizou, em maio e junho deste ano, o pagamento de boletos em nome de Roberto Dias, na agência da Caixa Econômica Federal do Aeroporto Internacional de Brasília. 

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