O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) parece se ver obrigado a justificar a ida ao Partido Liberal (PL), sigla de Valdemar Costa Neto, um dos caciques do Centrão e que registra uma condenação no escândalo do Mensalão. Em entrevista ao Jornal da Cidade Online, o chefe do Executivo tocou no assunto, mesmo sem ser questionado.
“Para você fazer a coisa certa na cadeira da Presidência é a coisa mais difícil, tudo criticam. Aí falam ‘ah, o cara tá conversando com o Centrão'. Ah, quer que eu converse com o Psol?”, questiona Bolsonaro. “Se você tirar o Centrão, tem a esquerda, pra onde é que eu vou? Tem que ter um partido se eu quiser disputar as eleições do ano que vem”, se justifica.
O mandatário também disse que precisou tomar a decisão para conseguir cumprir “as regras do estádio” para “jogar”. “Eu fui do Centrão. Essa é a política brasileira. É a condição do estádio, do campo de futebol, que você vai ter que entrar em campo e jogar. Quem não tiver muita força de vontade para entrar em campo e disputar a partida, vai pra segunda e terceira divisão”, pontua.
Bolsonaro também afirma que precisa conversar com os 513 deputados e 81 senadores do Congresso, os quais ele chamou de “peixes da minha lagoa”. “Eu tenho que convencê-los a votar nas minhas propostas, não tenho como sair fora da lagoa”, disse.
A filiação do presidente da República ao PL foi confirmada pelo líder da sigla, Costa Neto, nesta segunda-feira (8/11).
Família Bolsonaro e Centrão: o passado que mancha o futuro
A fala amistosa do presidente sobre o Centrão bate de frente com o discurso eleitoral feito em 2018, quando criticava o bloco e a esquerda, correlacionando-os com a corrupção. Em 22 de julho daquele ano, durante um discurso, ele criticou o candidato tucano Geraldo Alckmin por ter se aliado com o Centrão e chamou o bloco de partidos de “escória da política brasileira”.
Pouco antes, em 27 de maio de 2018, ele afirmou, em entrevista ao telejornal Domingo Espetacular, da TV Record, que “Centrão virou palavrão” e que os deputados deveriam se desvincular “disso daí”.
As falas do presidente foram relembradas por parlamentares da oposição assim que Bolsonaro passou a negociar publicamente com o bloco de partidos. Para evitar igual desgaste, o filho do chefe do Executivo, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), apagou, na segunda-feira (8/11), uma postagem em que compartilhou uma notícia sobre um esquema de propina que envolvia o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto.
O tuíte foi feito em 28 de abril de 2016, de madrugada, e repetia o nome da reportagem. "Exclusivo: Delator aponta propina de 3,5% para PR e Valdemar Costa Neto nos contratos de Furnas”, diz a publicação.
A postagem foi localizada por usuários do Twitter pouco tempo depois do anúncio da filiação e, quando ele foi apagado, o apelido de Carlos Bolsonaro dado pela oposição — Carluxo — virou um dos assuntos mais comentados da rede social.
“Alguém sabe por que o Carluxo Bozonaro apagou esse tweet? Deve ter sido por engano, com certeza! Avante Bolsolão contra a corrupção!”, disse um usuário. “Bolsonaro vai pro PL, se unirá a um dos maiores corruptos da história do Brasil, Valdemar Costa Neto. Carluxo ate apagou críticas que fazia ao partido e ao Valdemar. Panos não faltarão pra seita bolsonarista”, criticou outro perfil.
Alguém sabe por que o Carluxo Bozonaro apagou esse tweet? Deve ter sido por engano, com certeza!
— Henrique Abel (@Henrique_Abel1) November 8, 2021
Avante Bolsolão contra a corrupção! pic.twitter.com/j1aTHWjibI
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