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PF escala delegado que investigou PCC para apurar facada contra Bolsonaro

Martin Bottaro Purper foi designado para assumir o terceiro inquérito sobre o atentado de 2018

Cristiane Noberto
postado em 06/01/2022 06:00
 (crédito: Reprodução/Twitter)
(crédito: Reprodução/Twitter)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se irritou ao ser questionado, ontem, sobre a veracidade da facada que recebeu durante a campanha eleitoral de 2018. Em coletiva de imprensa após receber alta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, ele afirmou que querem "politizar uma tentativa de homicídio". O chefe do Executivo aproveitou para enfatizar que o caso foi reaberto pela Polícia Federal e disse ser esperado que "aprofunde mais".

A PF designou o delegado Martin Bottaro Purper para assumir o terceiro inquérito sobre o atentado. O agente já comandou investigações contra a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) (leia Saiba mais).

As duas apurações anteriores da PF concluíram que Adélio Bispo, principal acusado pela facada, agiu sozinho. Bolsonaro, no entanto, não aceita a versão e diz que a atitude "não foi da cabeça dele (do agressor)". Segundo o presidente, Adélio viajava pelo Brasil, havia muito tempo, mesmo estando desempregado. "Então, no meu entender, não está difícil desvendar esse caso. Agora, vai chegar a gente importante, não tenha dúvidas", frisou. "Não há dúvidas da tentativa de homicídio. Queria estar jogando meu futebol, apesar da idade, queria estar fazendo mais coisas, e não faço."

Bolsonaro negou que tenha politizado a internação, motivada por uma obstrução intestinal — segundo ele, reflexo da facada. "Eu não queria estar aqui. Estava previsto retornar a Brasília na terça-feira. Foi colocada uma sonda gástrica e, em poucos minutos, saíram sucos gástricos. Sobre essa politização, vocês estão de brincadeira comigo. Doutor Macedo tem sua honra, e eu tenho a minha. Nós temos muito a zelar", sustentou, numa referência a seu médico pessoal, Antônio Luiz Macedo.

Camarão

Bolsonaro disse que a obstrução foi causada por uma camarão mal mastigado. "Eu não almoço, eu engulo. Tinha uma peixada, uns camarõezinhos também. Aí, eu mastiguei o peixe e engoli o camarão. Foi isso que aconteceu", contou.

Em seguida, Macedo emendou: "O camarão não foi mastigado, é o que ele está explicando". O médico ainda associou o atentado a uma reação imunológica que desencadeou o problema. "A situação causou uma peritonite e gerou uma grande quantidade de reação imunológica no abdome dele. Embora esteja tudo bem, às vezes, essas aderências geram um quadro de obstrução intestinal", explicou. "Agora está tudo normal. Ele vai fazer uma dieta especial por uma semana, não vai fazer exercícios muito intensos, mas está curado e pronto para o trabalho."

O médico frisou que existe a possibilidade de a situação acontecer de novo e, nesse caso, a operação não pode ser descartada, mas não é fácil de se fazer. "O problema pode aparecer em outro lugar. Eu operei um paciente que precisou de 18 cirurgias abdominais por aderência. O presidente, a gente coloca a sonda gástrica, a coisa começa a funcionar, e deixamos assim. A gente espera conseguir, nos próximos 20 a 30 anos, mantê-lo desse jeito", afirmou.

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