GUERRA

Ucrânia: Falta de posicionamento de Bolsonaro incomoda outros países

O embaixador do Brasil Otávio Brandelli afirmou, em discurso, que o Brasil está preocupado com a guerra na Ucrânia e defendeu uma saída diplomática para a questão

Sem ainda sem posicionar explicitamente sobre os ataques da Rússia à Ucrânia, o Brasil não assinou, na última sexta-feira (25/2), uma declaração da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenando a guerra. Argentina, Bolívia, Nicarágua e Cuba também não assinaram o documento.

O embaixador do Brasil Otávio Brandelli afirmou, em discurso, que o Brasil está preocupado com a guerra na Ucrânia e defendeu uma saída diplomática para a questão. O representante disse que o Conselho de Segurança das Nações Unidas tem legitimidade para debater e apresentar alternativas. Já a OEA, esclareceu, é um organismo regional.

“Devemos ter presente que alguns dos propósitos essenciais da nossa organização são precisamente garantir a paz e a segurança continentais, prevenir possíveis causas de dificuldades e assegurar solução pacífica de controvérsias entre seus membros”, destacou.

Brandelli disse, ainda, que “nossos esforços também estão concentrados para evitar uma catástrofe humanitária”. Na noite de ontem, o Brasil apoiou uma resolução que critica a “agressão russa” contra a Ucrânia, em reunião no Conselho de Segurança da ONU.

Sem posição

A falta de um posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem incomodado outros países. Nesta semana, os embaixadores da União Europeia, de países das Américas e do Japão cobraram uma "condenação veemente" chefe do Executivo brasileiro. E alertaram: "ignorar a situação" pode gerar futuras ameaças a outras nações.

Douglas Koneff, encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, não usou de meias palavras para deixar claro que a omissão de Bolsonaro é prejudicial. "Não é tempo de ficar no muro. Todos os países devem condenar o ataque. A voz do Brasil importa. Temos confiança de que o Brasil vai fazer o correto", cobrou.

Bolsonaro, porém, não deu qualquer indício de que vá abandonar a postura que adotou até agora. Sua única manifestação foi, na live da última quinta-feira, ao lado do chanceler Carlos França, uma crítica irritada com a opinião do vice-presidente Hamilton Mourão — que condenou a invasão, comparou Putin ao ditador nazista Adolf Hitler e que não basta impor sanções econômicas aos russos, mas que se deve agir militarmente contra eles.

 

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