Machismo

Após falas machistas, Arthur do Val retira pré-candidatura ao governo de São Paulo

O anúncio foi feito por meio das redes sociais neste sábado (05/03). O parlamentar disse que entrou em contato com a presidente do Podemos, Renata Abreu para comunicar a decisão

Ingrid Soares
postado em 05/03/2022 13:35 / atualizado em 05/03/2022 14:04
 (crédito: Reprodução/Instagram)
(crédito: Reprodução/Instagram)

Em meio à polêmica envolvendo áudios machistas, o deputado Arthur do Val (Podemos-SP), mais conhecido como "Mamãe Falei”, retirou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo. O anúncio foi feito por meio das redes sociais neste sábado (05/03). O parlamentar disse que entrou em contato com a presidente do Podemos, Renata Abreu para comunicar a decisão.

"Os áudios que vazaram de uma conversa privada com amigos são lamentáveis. Não são corretos com as mulheres brasileiras, ucranianas e com todas as pessoas que depositam confiança em meu trabalho e, por isso, peço desculpas. Não tenho compromisso com o erro. Por isso, entrei em contato com a presidente do Podemos, Renata Abreu, para retira minha pré-candidatura ao governo de São Paulo", informou.

"Faço isso por entender que nesse momento delicado da política nacional é necessário preservar o árduo trabalho de todos aqueles que se dedicam na construção de uma terceira via. O projeto não merece que as minhas lamentáveis falas sejam usadas para atacá-lo", completou.

Do Val assumiu hoje a autoria da fala sobre as mulheres ucranianas após voltar ao Brasil. No áudio, ele faz declarações de teor sexista e machista em relação a mulheres ucranianas. “Elas olham, e eu vou te dizer, são fáceis porque elas são pobres! E aqui, cara, a minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Depois eu te conto a história. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas minas, porque eu não tinha tempo. Dois grupos de minas. É inacreditável a facilidade”, diz um dos trechos.

O deputado seguiu comentando sobre a beleza das ucranianas: “Eu juro pra vocês, eu contei, foram 12 policiais. Deusas! Que você casa, você faz tudo que ela quiser. Eu estou mal, eu não tenho nem palavras pra expressar. Quatro dessas eram minas que assim, se ela cagar, você limpa o c* dela com a língua. Assim que essa guerra passar eu vou voltar para cá”.

Por fim, no último áudio, o deputado compara as ucranianas com as brasileiras. “Se você pegar fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila dos refugiados aqui. Eu estou mal, eu estou triste, é inacreditável”.

Agora que voltou ao Brasil, o parlamentar comentou as falas: "Foi errado o que eu falei, não é isso o que eu penso, o que eu falei foi um erro num momento de empolgação e pronto", disse no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP). Na sequência, o parlamentar afirmou que as pessoas podem julgá-lo, mas pediu "entendimento dentro do contexto".

Ontem, o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos), pré-candidato à Presidência foi duro nas respostas e descreveu o tratamento do deputado com as ucranianas refugiadas e policiais como "inaceitável em qualquer contexto" e declarou que "jamais dividirá palanque" com ele. 

"Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas que têm esse tipo de opinião e comportamento. Espero que meu partido se manifeste brevemente diante da gravidade que a situação exige", afirmou.

 A presidente do Podemos, Renata Abreu, classificou as declarações como "gravíssimas". "Não se resumem ao completo desrespeito à mulher, seja ucraniana ou de qualquer outro País, mas de violações profundas relacionadas a questões humanitárias, em um momento em que esse povo enfrenta os horrores da guerra", apontou. Ela informou ainda que o partido instaurou de imediato um procedimento disciplinar interno para apuração dos fatos.

Já hoje, o deputado federal Kim Kataguiri (SP) do MBL postou uma nota em nome do movimento repudiando o teor dos áudios e pediu desculpas "às pessoas, especialmente mulheres, que se indignaram sinceramente com os áudios". Contudo, alegou que o ocorrido "não invalida o objetivo da viagem, que se cumpriu ao arrecadarmos mais de R$ 250 mil para os refugiados ucranianos", concluiu.

 

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