Crise no MEC

Ribeiro admite suspeita sobre mediações ilegais, mas diz que segue no MEC

O ministro da Educação não negou a autenticidade do áudio e disse que a CGU apura o caso desde agosto de 2021

Taísa Medeiros
postado em 23/03/2022 20:11 / atualizado em 23/03/2022 20:11
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Em entrevista à CNN, na noite desta quarta-feira (23/3), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, revelou que, desde agosto de 2021, há investigações da Controladoria-Geral da União (CGU) para apurar mediações ilegais, como as denunciadas pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo.

“Eu, lá em agosto de 2020, fui numa determinada cidade e ouvi algum comentário dessa natureza, que chegou, e depois recebi uma denuncia anônima sobre uma possível prática, não estou falando que houve, sobre esse tipo de pedido, tramitação. Reuni meu gabinete, conversei com meu secretário executivo, e pedi que reduzisse a termo oficial em um documento. Este documento está claro, é um documento que foi a meu pedido, em agosto do ano passado eu marquei uma reunião com o ministro da CGU. [...] O que ele fez? Eu fui lá, entreguei esse documento e pedi que ele tomasse as providências. Ele me disse que iria instaurar uma investigação sigilosa. O assunto, o mérito era que havia uma possível mediação de uma conversa, que não era uma conversa que eu achava boa. Diante dessa conversa, eu não fiquei de braços cruzados”, enfatiza.

Quando questionado sobre a pressão estabelecida por parlamentares e organizações, após a divulgação dos áudios, o ministro afirmou que está firme no cargo, e que conversou com o presidente Jair Bolsonaro (PL). “Depois do áudio o presidente me ligou e disse “eu não vejo nada demais no áudio”. Eu não o procurei. Eu respeito muito o presidente, o cargo que eu estou é de confiança do presidente. O que ele falou é que eu permaneço, eu fico de acordo com a sua confiança. Se ele quiser, quando quiser, ele pode pedir o cargo. Não tenho nenhum apego ao cargo. Me sinto honrado de ser escolhido para atuar em um governo que não tem casos de corrupção”, disse.

Celeridade

A respeito do trecho do áudio, em que o ministro menciona que a prioridade é atender “primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", Ribeiro alegou desconhecer a velocidade:

“Quando o pedido é feito, ele entra numa lista que é organizada pelos técnicos da FNDE. Sai da competência da sede, do gabinete, e vai para o FNDE. Por que a velocidade? Às vezes falta um documento. Os que foram atendidos antes certamente preencheram todos os requisitos de documentação. Eu desconheço essa velocidade, não foi por minha mediação. Se aconteceu deve ter sido porque eles conseguiram alcançar a documentação necessária”, defende.

Encontros

Questionado a respeito dos sucessivos encontros ocorridos no gabinete do ministro, Milton Ribeiro disse que a intenção era se apresentar, tirar fotos e “prestar contas”.

“O prefeito é político. Ele quer tirar uma foto com o ministro, ele quer mostrar para o povo que está buscando uma solução para sua cidade. Todos tiravam fotos. Então eles iam lá prestar contas”, comenta. Além disso, o ministro garantiu que, diferente do que foi divulgado nas reportagens, os pastores não cumpriam agendas no ministério e que “jamais embarcaram nos aviões da FAB”.

“Jamais esses pastores viajaram comigo ou compuseram minha comitiva. Eles faziam agendamentos lá, mas foram 4 agendamentos. Não saíam comigo em comitiva. Isso nunca aconteceu, eles nunca entraram nos aviões da FAB. Geralmente as agendas que eles propunham eram agendas vinculadas à prefeitos”, destaca.

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