eleições

Lula articula apoio do MDB à chapa com Alckmin na disputa pelo Planalto

Ex-presidente se reúne com caciques do partido, num jantar na casa do ex-senador Eunício Oliveira. Apesar de a legenda ter lançado a pré-candidatura de Simone Tebet ao Planalto, líderes da sigla, especialmente no Nordeste, defendem aval ao petista

Vinicius Doria
Taísa Medeiros
Victor Correia
postado em 12/04/2022 05:57 / atualizado em 12/04/2022 05:58
 (crédito: Minervino Júnior)
(crédito: Minervino Júnior)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Brasília, ontem, em busca de apoio a sua candidatura ao Palácio do Planalto. Ele se encontrou com o ex-presidente José Sarney (MDB), mas o destaque da agenda foi o jantar na mansão do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE) no Lago Sul, no qual estava presente um um grupo de senadores, em sua maioria emedebistas.

Conforme interlocutores afirmaram ao Correio, apenas no MDB são 14 diretórios estaduais que apoiam a candidatura petista — pelo menos nove da Região Nordeste, além de estados como Paraná e Goiás.

O grupo promoveu o encontro para reforçar os argumentos a favor da candidatura de Lula, em especial devido aos palanques no Nordeste e em estados em que já há articulação com o PT para as eleições de outubro. O apoio deve ocorrer independentemente da pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS).

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) destacou ao Correio que se tratou de "um jantar de cortesia", sem objetivos de ordem partidária. "Com relação à candidatura (do MDB), defendo que, se nós tivermos peso eleitoral, será ótimo, é tudo o que o partido quer ter: candidato próprio. Mas, se não houver mudança na fotografia das pesquisas, fica difícil os partidos homologarem esses nomes", argumentou. O parlamentar relembrou o cenário eleitoral de 2018, em que Henrique Meirelles representou a sigla e terminou o pleito em sétimo lugar.

"Com o Meirelles, o MDB pagou um preço muito alto, reduziu muito as bancadas. Não podemos repetir isso. O partido, como tem projeto de governo em muitos estados, isso atrapalha. Mas se a terceira via não crescer, precisaremos desse tipo de articulação", acrescentou.

O anfitrião da noite, Eunício Oliveira, definiu o encontro de caciques como "uma noite de debates, e não de adesão". Ele disse acreditar que, de qualquer maneira, a eleição "vai terminar" com Lula e Bolsonaro. "A democracia permite que você pense diferente, que aja de forma diferente dos outros. Nós não estamos fazendo esse jantar para boicotar, em absoluto, a candidatura da senadora Simone. Não tem nenhuma traição, não tem nada disso", garantiu.

Compondo a frente de parlamentares petistas que compareceram ao encontro, o senador Humberto Costa (PE) frisou que o desejo de aproximação já vinha de tempos. "São pessoas que foram aliadas nossas no passado. Sem dúvida, nós vamos querer reunir o maior número de forças para garantir não só a vitória de Lula como a governabilidade", argumentou.

O mesmo reiterou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). "A candidatura de Lula será de uma frente ampla, para enfrentar o difícil momento que vivemos", afirmou. Ele projetou que o cenário ideal seria não haver a realização de um segundo turno.

O jantar não deverá atropelar os prazos já definidos pela presidência do MDB na articulação com União, PSDB e Cidadania de uma chapa unificada para a presidência. Os quatro partidos decidiram anunciar, em 18 de maio, os nomes que vão compor a chapa única da terceira via.

Hoje, Lula visitará, no Eixo Monumental, o Acampamento Terra Livre, que reúne cerca de oito mil indígenas de várias etnias. O movimento protesta contra a votação de propostas que violam os direitos dos povos indígenas, como o Projeto 191/2020, que libera território dos povos originários para mineração.

Nome próprio

Também ontem, em São Paulo, Simone Tebet reuniu-se com o ex-presidente Michel Temer e com o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, no escritório do ex-chefe do Executivo. O encontro foi uma resposta à ala emedebista liderada por Calheiros que defende o apoio do partido a Lula.

"Os líderes emedebistas discutem os fatos que mostram o fortalecimento da pré-candidatura de Tebet à Presidência da República pelo partido", afirmou, em nota, a assessoria da senadora.

Após o encontro, Baleia Rossi, em suas redes sociais, declarou que "o MDB é um partido democrático". "Toma as decisões por maioria, e respeita as minorias. Há meses, mesmo com diferenças regionais, há uma ampla maioria formada a favor da candidatura própria", acrescentou. A senadora é cotada para participar da chapa única da terceira via.

"Tebet é um nome excelente, mas o Nordeste praticamente está fechado com Lula", disse ao Correio a senadora Nilda Gondim (MDB-PB), que participou do jantar em Brasília. "Na Paraíba, meu filho (senador) Veneziano (Vital do Rego) é pré-candidato a governador e já fez parceria com o PT", enfatizou.

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