Entrevista

"Vejo, em Leite, grande possibilidade de renovação do PSDB", diz Aécio

Em entrevista ao Correio, o deputado federal Aécio Neves (PSDB) prega o "desprendimento" e fala sobre companheiros de partido

Guilherme Peixoto
postado em 22/04/2022 05:50 / atualizado em 22/04/2022 05:52
Aécio cobra um
Aécio cobra um "gesto de grandeza" de Doria pela 3ª via - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Defensor da participação do ex-governador gaúcho Eduardo Leite na corrida à Presidência da República, o deputado federal Aécio Neves (PSDB) prega o "desprendimento", inclusive, do pré-candidato oficial tucano, o ex-governador paulista João Doria. Aécio reivindica a ampliação da via alternativa a Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para isso, sugere tratativas com Ciro Gomes, do PDT, e com o PSD de Gilberto Kassab.

Por que o senhor considera que Eduardo Leite é uma opção de candidatura mais viável do que João Doria, mesmo que as prévias do PSDB tenham apontado um outro resultado?

Vejo, em Eduardo Leite, grande possibilidade de renovação do PSDB. Ele fez um governo de muito bons resultados no Rio Grande do Sul e tem aquilo que é essencial para construir uma terceira via minimamente competitiva: baixa rejeição — o que não acontece com o ex-governador de São Paulo. Justa ou não, exagerada ou não, Doria tem, infelizmente, uma rejeição, hoje, que impede que seu nome seja abraçado por outras forças políticas.

O PSDB errou ao escolher Doria nas prévias?

Há um ano, propus que as prévias ocorressem em abril. Elas foram realizadas de forma extemporânea — e nem vou entrar nos métodos utilizados para dar a vitória a Doria. Daqueles que deram a Doria a vitória, boa parte já saiu do PSDB. É um paradoxo: os que assumiram compromissos e viabilizaram a eleição de Doria dentro do PSDB, hoje, trabalham de forma silenciosa para que ele deixe de ser candidato. Minha questão pessoal com Doria está superada. Quero que o PSDB possa liderar a terceira via.

O senhor esteve com FHC e Temer; antes, foi falar com Eduardo Paes no Rio. Por que resolveu se engajar nesse debate?

É a minha responsabilidade. Vejo que está faltando certa coordenação e desprendimento dos principais atores na busca pela terceira via. Tenho conversado, com Temer, Paes, Luciano Bivar e outros atores sobre isso. Temos de chamar todas essas lideranças à responsabilidade de que ou há um gesto coletivo de desprendimento em favor de algo efetivamente competitivo, ou vamos sucumbir, dando nosso aval à consolidação da polarização.

O PSDB tem acordo com Cidadania, União e MDB para anunciar, em 18 de maio, uma pré-candidatura de consenso. O senhor defende que Leite seja o nome levado pelos tucanos à mesa de negociações com o restante do grupo?

Em todas as pesquisas que temos, ele (Leite) é quem apresenta o melhor perfil para crescer, a menor rejeição e o melhor portfólio de resultados a apresentar.

O acordo PSDB-Cidadania-União-MDB sai mesmo do papel? Será viável apresentar um nome único em 18 de maio?

Não me fixo a essa data, que surgiu de forma meio aleatória. Temos de intensificar os chamamentos: ou vamos criar critérios objetivos, públicos, através de pesquisas e da participação das bancadas desses partidos para definir o melhor nome, ou esse processo vai sendo extremamente retardado. Ainda tenho esperança e acho que existe espaço para a construção de um caminho ao centro. Isso, obviamente, passa por gestos de desprendimento de todos os lados. Um gesto, hoje, que seria surpreendente, mas nobre, o governador João Doria poderia fazer. Se ele terá grandeza para isso, o tempo dirá. Muitos acham que não, mas prefiro aguardar.

 

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