PRESSÃO

"Ele nunca nos recebeu", diz presidente da ADPF sobre diálogo com Bolsonaro

Categoria está revoltada com a falta de reajuste e reestruturação da carreira, prometida pelo governo Bolsonaro, e anunciou paralisações

Luana Patriolino
postado em 04/05/2022 22:50 / atualizado em 05/05/2022 17:31
 (crédito: Vinicius Cardoso/Esp. CB/D.A Press)
(crédito: Vinicius Cardoso/Esp. CB/D.A Press)

O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Luciano Leiro, afirmou que os policiais federais tentaram, por diversas vezes, entrar em contato com o presidente Jair Bolsonaro (PL) para tratar da reestruturação da carreira, mas não foram atendidos. Ao Correio, Leiro destacou a decepção da classe com o governo e o desgaste dos policiais.

“[A ADPF] tentou várias vezes. Temos vários requerimentos, tanto formais, quanto via outros contatos, e nunca conseguimos falar com o presidente da República, ele nunca nos recebeu”, frisa Leiro.

Segundo o presidente da ADPF, o sentimento entre a classe é de decepção. “A situação é tensa porque estamos em um momento complicado. É um ano de eleição. Os colegas estão muito revoltados com a falta de respeito do governo. Pelo fato de terem prometido uma coisa, mais de uma vez, e não cumprido o acordo. Tudo isso agora é uma reação natural em razão dessa falta de compromisso”, diz.

Nesta quarta-feira (4/5), a ADPF divulgou que os servidores decidiram, em Assembleia-Geral Extraordinária, aprovar paralisações parciais e progressivas, além da entrega de cargos em todo país. De acordo com nota da entidade, as paralisações serão definidas em calendário a ser divulgado com demais categorias da Polícia Federal.

Na nota divulgada pela ADPF, a entidade diz que chefe do Executivo usou a bandeira da segurança pública para se eleger. “É importante destacar que a segurança pública foi a maior bandeira de campanha do governo Bolsonaro e o destacado trabalho das forças de segurança vem sendo utilizado, indevidamente, pelo presidente como instrumento de marketing para a sua reeleição. Os policiais federais merecem respeito. Investir em Segurança Pública é investir em seu principal ativo: o policial”, ressalta.

Renúncia de Torres

A classe também pede a renúncia do ministro da Justiça, Anderson Torres — que é delegado federal. Leiro comentou que os policiais reconhecem o empenho na atuação de Torres, mas que não veem motivo para ele continuar como ministro, já que os policiais foram desvalorizados pelo presidente Jair Bolsonaro.

“A forma como ele mesmo foi tratado nessa situação, pelo presidente da República, é que merece essa consideração de um pedido de renúncia. Não no sentido negativo, mas no sentido de que ele é um delegado e que o presidente está desrespeitando os policiais federais, desvalorizando de algo que ele mesmo se comprometeu”, diz o presidente da ADPF.

No fim do ano passado, o governo anunciou R$ 1,7 bilhão no Orçamento da União, mas, após outras categorias protestarem pelo subsídio, o Executivo recuou e anunciou um reajuste linear (para todas as categorias da União) de 5%. Mesmo assim, para a PF, esse percentual continua inaceitável.

“A situação é tensa porque estamos em um momento complicado. É um ano de eleição. Os colegas estão muito revoltados com a falta de respeito do governo. Pelo fato de terem prometido uma coisa, mais de uma vez, e não terem cumprido o acordo. Tudo isso agora é uma reação natural em razão dessa falta de compromisso”, diz Leiro.

Enquanto a categoria pressiona por um aumento, o governo afirma não ter nenhuma posição sobre o assunto. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, disse, recentemente, que “nenhuma decisão está tomada” em relação ao reajuste salarial dos funcionários públicos.


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