O presidente Jair Bolsonaro (PL) sinalizou que pretende interferir na Petrobras, obrigando a empresa abrir mão de parte do lucro para evitar repasses muito elevados de reajustes, decorrentes da atual política de preços internacionais da estatal.
Bolsonaro citou as trocas de comando na Petrobras, no mês passado, e no Ministério de Minas e Energia (MME), nesta semana, e criticou novamente o lucro da estatal, de mais de R$ 45 bilhões no primeiro trimestre deste ano. “Espero que, com as mudanças no MME consigamos mexer com a Petrobras e fazer com que ela cumpra o dispositivo de fim social da empresa”, afirmou Bolsonaro, na noite desta sexta-feira (13/2), durante a Cerimônia de Abertura da 56ª Convenção Nacional do Comércio Lojista, em Campos do Jordão (SP).
“Não podemos ter uma empresa que tem lucro de 30% enquanto a maioria (das petrolíferas globais) tem lucro de 15%, no máximo. As outras abriram mão (do lucro) para ajudar seus países. A Petrobras não pode ser indiferente a tudo isso”, afirmou.
Logo no início do discurso no evento, Bolsonaro comemorou a decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedendo liminar favorável ao pedido do governo para unificar a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o diesel.
O chefe do Executivo contou aos presentes que, nas últimas duas quintas-feiras, fez um apelo “dramático” contra o aumento de preços da Petrobras. “Ficou parecendo algo não compatível a um presidente. Eu apelei: não aumentem mais o preço dos combustíveis. Falei até palavrão, que não é comum”, contou o chefe do Executivo para a plateia. “Não tivemos sucesso”.
Na quarta-feira (11/5), um dia depois de entrar em vigor o reajuste de 8,87% no diesel, Bolsonaro demitiu o ministro Bento Albuquerque e nomeou Adolfo Sachsida, ex-assessor especial de assuntos estratégicos do ministro da Economia, Paulo Guedes. O chefe da equipe econômica é defensor da atual política de preços da estatal, implementada em 2016, e que desagrada o presidente.
Agora, com a mudança no MME, Bolsonaro disse ainda que espera "ter êxito" em suas demandas. "A Petrobras tem que entender que se o Brasil quebrar, ela quebra também. Estamos no mesmo barco", afirmou.
Sachsida foi um dos primeiros economistas a se aproximar de Bolsonaro na campanha presidencial de 2018, antes mesmo do ex-chefe e é um dos técnicos mais leais ao presidente. O antecessor dele, Albuquerque, foi quem escolheu o atual presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho.
Coelho assumiu o cargo há menos de um mês e também defendeu a política atual de preços da estatal. Mas, com a saída do almirante do MME, é provável que uma nova troca do comando da estatal ocorra. E, nesse sentido, o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, voltou a ser cotado para o cargo, segundo informações da CNN.
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