A celeridade com que a PEC das Bondades tramitou na Câmara — inclusive com manobras do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) — e o apoio da oposição à proposta provocaram críticas de especialistas. O texto, aprovado na quarta-feira em segundo turno, recebeu 469 votos a favor, 17 contra e duas abstenções.
A cientista política Beatriz Finochio apontou que diversas nuances comprovam o caráter eleitoreiro das medidas. "No momento em que houve a necessidade de votar a PEC por videoconferência, houve uma mobilização geral para que tivesse aprovação. Coisas que em PECs muito mais necessárias, como a da reforma tributária, não acontecem. A cultura é de eleição e voto em primeiro lugar, e não a saúde econômica do país", reprovou. Ela destacou que a motivação eleitoreira não diz respeito apenas à base do governo. "Na hora que tiver medidas populistas, não existe oposição, existe interesse em voto."
Também foi alvo de críticas a inclusão, na PEC, do estado de emergência, para driblar a Lei Eleitoral — a legislação proíbe benesses às vésperas das eleições, exceto em caso de emergência ou de calamidade pública. "Esse é um marco importante da democracia, é o respeito às regras do jogo. Nesse caso, o que o governo propôs e o Congresso estabeleceu foi um flagrante inconstitucional", enfatizou Rodrigo de Carvalho, membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep).
A falta de questionamentos sobre a medida e o apoio da oposição na votação são definidos como "surpreendentes" por Carvalho.
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