GUERRA RÚSSIA X UCRÂNIA

Bolsonaro não adere a sanções: "Relação com Putin é excelente"

Presidente também relatou trechos de conversa com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que ocorreu no último dia 18/7

Ingrid Soares
postado em 22/07/2022 14:27
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou, nesta sexta-feira (22/7), que o Brasil não vai aderir a sanções contra a Rússia. O chefe do Executivo relatou trechos da conversa com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, ocorrido no último dia 18, e disse que não atenderá ao pedido de união de sanções contra o país russo. Bolsonaro disse ter mantido na conversa a “posição de estadista” e que o Brasil continua em posição de “equilíbrio”.


A ligação de Zelesnky ocorreu em meio a negociação do Brasil com a Rússia de compra de fertilizantes e uma tentativa de acordo para a importação de diesel. “Ele desabafou muita coisa e eu não retruquei. Mantive a posição de estadista. (...) Nós não vamos aderir a essas sanções econômicas, continuamos em equilíbrio. Se eu não tivesse mantido a posição de equilíbrio vocês acham que nós teríamos fertilizantes no Brasil? Como estaria nossa segurança alimentar e de mais de 1 bilhão de pessoas no mundo?”, questionou.


Ainda sobre a compra de diesel do exterior, Bolsonaro disse que está buscando o “mais barato". “É uma nova política que a gente está implementando. Não é fácil você mexer num quadro num lobby tão poderoso como o do combustível no mundo todo”.


Questionado sobre o andamento das negociações com Vladimir Putin sobre o insumo, Bolsonaro destacou que o relacionamento com o líder russo é “excepcional”. “Se tiver tudo desembaraçado, o mais rápido possível. O meu relacionamento com o governo russo não é bom não, é excepcional. Então não temos problemas, se depender do governo russo, em tratar desse assunto”.


Bolsonaro disse também que a conversa com Zelensky foi “reservada” e que o presidente ucraniano adotou “um tom bastante emocional”, mas que ele deveria buscar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para colocar um ponto final no conflito.


“Eu me reservo em dizer o conteúdo dessa conversa, mas eu disse para ele: ‘Eu tô pronto’, como já vinha fazendo. A gente lamenta as vidas perdidas e a gente sabe que esse conflito o mundo todo sofre. Até a colocação de um ponto final nele, tenho certeza que o preço do petróleo barril brent cai e todos são beneficiados O que eu estou fazendo não é o que ele quer e a Otan é o local adequado para buscar solucionar esse conflito aí”.


Perguntado sobre o pedido de Zelensky em relação a sanções, Bolsonaro rebateu não existir cobranças entre chefes de Estado. “O Brasil é independente, eles também são independentes. Eu conversei no passado com o chanceler da Turquia, já tive outra conversa com Putin há 20 dias, conversei com o Biden sobre esse assunto também. A gente não deixa de estar inteirado do que está acontecendo e você agora tem que se colocar no lugar do Zelensky e do Putin para ver qual a melhor saída. Se eu pudesse resolver já tinha resolvido”.


O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, relatou que o Brasil também mantém conversa com outros países para possível compra de diesel ‘mais barato’. “O que nós fizemos foi entrar em contato com o ministério de Relações Exteriores e perguntar quais países existem restrições e sanções internacionais. Todos os países que não possuem sanções internacionais as embaixadas brasileiras estão entrando em contato e verificando a possibilidade de importação para que chegue sempre o diesel para o povo brasileiro nas melhores condições possíveis”.


No dia 18, após telefonema com Bolsonaro, Zelensky afirmou por meio das redes sociais que informou ao brasileiro sobre a situação da guerra no país do leste Europeu, que pediu uma posição mais assertiva contra a Rússia e que discutiram a importância de retomar as exportações de grãos.


Um dia depois, em entrevista à TV Globo, o presidente ucraniano criticou a posição de neutralidade de Bolsonaro diante da guerra. "Eu não apoio a posição dele de neutralidade. Eu não acredito que alguém possa se manter neutro quando há uma guerra no mundo", disse na data. 

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