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Bolsonaro volta a defender apuração paralela de urnas por Forças Armadas

Bolsonaro comparou ainda que a ideia de apuração para as urnas seria "semelhante" à da Mega-Sena

Ingrid Soares
postado em 22/07/2022 15:44 / atualizado em 22/07/2022 16:03
 (crédito:  Evaristo Sá/AFP)
(crédito: Evaristo Sá/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) repetiu, nesta sexta-feira (22/7), que quer as Forças Armadas trabalhando em uma apuração paralela a do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de outubro defendendo "transparência" no pleito. Desde o início do voto eletrônico no Brasil, em 1996, nenhum caso de fraude foi identificado e comprovado. Bolsonaro disse ainda que as FA ‘estavam quietinhas’.

“Continua a negociação. Olha só, o que é natural? Se lá diz que não tem problema, porque não fala ‘FA, traga seus técnicos para cá, vamos conversar’. As FA foram convidadas, nós não nos intrometemos em nada. AS FA estavam quietinhas. O ministro Barroso que presidia antes convidou. Temos aqui o comando de defesa cibernética, pessoas altamente qualificadas”, disse durante visita a um posto de gasolina. Veja o momento: 


Crédito: Ed Alves/CB" />

“Como é a apuração hoje em dia eleitoral no Brasil, onde é feita a totalização? Não é no TSE. É numa sala secreta, num supercomputador terceirizado. Pessoal, o que a gente quer é transparência”, alegou.

Porém, a afirmação já foi desmentida pelo TSE, que ressaltou que a apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna eletrônica logo após o encerramento da votação. Nesse momento, a urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna (BU), que contém a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos votos nulos e em branco.

Uma das vias impressas é afixada no local de votação, visível a todos, de modo que o resultado da urna se torna público e definitivo. Vias adicionais são entregues aos fiscais dos partidos políticos. Logo, o resultado definitivo de cada urna sai impresso e é tornado público após a votação, e ele pode ser facilmente confrontado, por qualquer eleitor, com os dados divulgados pelo TSE na internet, após a conclusão da totalização.

O chefe do Executivo ainda retomou a narrativa sobre o inquérito aberto pela Polícia Federal em 2018, na Superintendência Regional do Distrito Federal, após ser acionada pelo TSE. A motivação foi a suposta invasão de um hacker ao Sistema e ainda o acesso a documentos sigilosos da Corte.

“Se você ler o inquérito da PF, vai ver o que aconteceu comigo no primeiro e segundo turno. Se a esquerda com toda certeza vai ganhar no primeiro turno, por que não criar mais transparência?”, ironizou em referência a pesquisas de intenção de voto que apontam Lula na liderança.

Bolsonaro comparou ainda que a ideia de apuração para as urnas seria “semelhante” à da Mega-Sena.
“Algumas das sugestões das FA é uma apuração semelhante à Mega Sena da Caixa. É simples, tem gente aqui que desconfia da Mega Sena. Se alguém quiser apresentar uma medida para mim ou para a Dani presidente da Caixa, para dar mais transparência, a gente vai de imediato acolher”.

Questionado por jornalistas sobre aceitar ou não o resultado das eleições, desconversou.
“Nós temos muito tempo pela frente”. “Eu vou dar golpe em mim mesmo, é isso? Eu vou dar autogolpe?”, completou.

Perguntado se entregaria a faixa caso o modelo seja mantido e perdesse a eleição, Bolsonaro se irritou. “Você está louca para que eu diga não, né? Quer uma manchete. Pelo amor de Deus”.

“A gente quer paz, quer tranquilidade, não quer que um lado ou outro duvide de alguma coisa, uma parte da sociedade duvide”, emendou.

Indagado ainda sobre o que poderia ocorrer caso o TSE não aceite as mudanças propostas, Bolsonaro respondeu que espera chegar em um “bom termo”.

“Não vou responder. Nós somos pessoas civilizadas e vai chegar a um bom termo essa questão”. Bolsonaro também foi questionado sobre a defesa ao sistema eleitoral brasileiro feita pela embaixada dos Estados Unidos, que afirmou que as eleições brasileiras são "modelo" para o mundo após reunião do presidente brasileiro com embaixadores no último dia 18, onde voltou a atacar o sistema eleitoral. E voltou a desconversar.

“Tem embaixador americano no Brasil? Responda aí. Então, você não pode falar em Embaixada”. Na reunião ocorrida no Palácio da Alvorada, o país foi representado pelo encarregado de negócios Douglas Koneff, que está à frente do posto até que seja indicado um novo representante por Washington.

O presidente foi questionado também se havia visto a manifestação do procurador-geral da República, Augusto Aras, sobre o encontro e Bolsonaro negou. “Não, não vi”.

Após se manter em silêncio diante dos ataques do presidente às urnas eletrônicas, Aras, postou ontem um vídeo antigo, em seu canal do YouTube, no qual defende o sistema eleitoral do país.

Em um dos trechos, ele ressaltou a "lisura" das eleições no país. "Nós não aceitamos a alegação de fraude, porque nós temos visto o sucesso da urna eletrônica, ao longo dos anos, especialmente, no que toca à lisura dos pleitos", afirmou o PGR no vídeo.

Enquanto concedia a entrevista, uma das pessoas presentes gritou “Fora Bolsonaro”. Ao ouvir a frase, o chefe do Executivo ironizou: “'Fora Bolsonaro, os outros são corruptos', foi o que ela falou ali”, riu nervoso.

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