Assassinato de petista

Bolsonaro prestou solidariedade à família de petista e se retratou, diz deputado

O deputado federal Otoni de Paula relatou ainda que Bolsonaro entende que Marcelo Arruda foi a única vítima no crime

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu, nesta quarta-feira (20/07), com José Arruda, bolsonarista irmão do guarda municipal e tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, assassinado no último dia 9 em Foz do Iguaçu. Após o encontro, José saiu sem falar com a imprensa. Já o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) — responsável pelo telefonema à família após o crime — e que intermediou a agenda, disse que o presidente prestou solidariedade e se retratou por ter dito no último dia 12 que “petistas encheram a cara do atirador de chutes”.


“O presidente, inclusive, se desculpou por esse fato porque a primeira informação que ele tinha era errada, e que eu disse a ele a verdade e o José falou, foi que aquele ato de chute depois não foi um ato provocado por petista. Foi um ato de um amigo de Marcelo, bolsonarista. E, nessa reunião, o presidente se retratou com ele e reconheceu que aquela fala dele foi uma fala sem a devida informação verdadeira”, alegou.

Algumas horas depois da reunião, Bolsonaro participou de um evento na Catedral da Benção, em Taguatinga, e comentou sobre o encontro com José. “Hoje estive por uma hora com o irmão daquele que faleceu em uma troca de tiros em Foz do Iguaçu. Onde a imprensa tentou colocar no meu colo a responsabilidade por aquele episódio lamentável. Injustificável. Brigas existem, mas como aquela, não tem explicação. Do nada. Deixando um chefe de família morto. Não interessa a coloração partidária daquela pessoa. Mas foi mais uma conversa, destruindo narrativas, mostrando que interessa falar com ele para prestar solidariedade. E ele veio falar comigo tendo irmão assassinato. Conversamos por aproximadamente uma hora. É a vida da gente”, concluiu.

Bolsonaro "não queria fazer desse ato um ato político"

O encontro entre o chefe do Executivo e o irmão do petista assassinado não estava na agenda oficial de Bolsonaro. De acordo com Otoni de Paula, o presidente “não queria fazer desse ato um ato político”.

O parlamentar completou que o chefe do Executivo se posicionou taxativamente contrário a qualquer tipo de violência. “Bolsonaro prestou toda a sua solidariedade à família, foi taxativamente contra tudo o que aconteceu. Foi filmado tudo o que o presidente falou. Isso vai ser distribuído para a imprensa também e foi um clima de muita consternação por esse crime bárbaro que aconteceu”.


Ele não soube informar se o irmão de Arruda se encontrou com o presidente com a anuência da viúva, Pâmela Suellen Silva, que até então não recebeu nenhum tipo de contato do governo prestando solidariedade. “Quando houve esse ato, na mesma hora o presidente usou as redes sociais mostrando solidariedade à família, mostrando que não precisava de apoiadores que fizessem uma ato desse. Ou seja, na mesma hora o presidente foi taxativamente contrário, o que não poderia ser de outra forma, a esse ato insano de alguém que se dizia apoiador dele”, continuou.


O emedebista relatou como foi feito o primeiro contato com os dois irmãos de Arruda e emendou que “não havia clima” para contactar Pâmela. “Bolsonaro pediu que eu fosse a Foz prestar solidariedade a família e caso alguém da família quisesse falar com ele, ele estaria disponível. Fui dias depois porque só depois tivemos acesso a esses parentes que se prontificaram em receber o ato de solidariedade do presidente. Na verdade, infelizmente, esse ato está carregado de atos políticos onde a família tem um lado político e a outra parte da família tem um lado político. E quando o presidente percebeu que ele poderia ser bem-vindo para prestar solidariedade pessoalmente, ainda que virtualmente, foi isso que ele fez. Tentamos procurar a viúva, só que não havia clima para isso”, disse. 


Otoni disse que pagou as passagens de José do próprio bolso e que serviu de intermediário por ser pastor. E acrescentou que o irmão de Arruda não teve intenção política. “A intenção dele em vir aqui era ouvir o presidente, estar ao lado do presidente quando o presidente taxativamente condenaria esse ato. Ele entende que isso simbolicamente é muito importante para a família dele. Por isso que ele veio aqui nessa reunião e ele sai daqui satisfeito”.


“Ele não veio aqui falar de política com o presidente. Ele veio aqui ouvir o presidente taxativamente ser contrário a qualquer tipo de violência, ele entendeu que isso seria um conforto para a família ter o chefe da nação se posicionando claramente ao lado de um membro da família dizendo que não toleram esse tipo de ato”.


E deu o caso como encerrado. “O balanço que a gente faz é que nós damos esse caso por encerrado, mas esperamos que a justiça seja feita e que se houver mais alguma coisa que ainda não foi esclarecido, que seja esclarecido para o bem das próximas eleições, para que esse clima de violência não prevaleça no Brasil em hipótese alguma”.


O parlamentar alegou ainda que o irmão de Arruda apenas aceitou o encontro por entender que Bolsonaro não tem ligação com o crime. “Ele disse ao presidente que ele só estava presente nessa reunião porque ele não considera que o presidente tenha sido responsável pelo ato de violência. A partir do momento que ele acreditasse que o presidente fosse responsável por esse ato de violência contra o próprio irmão dele, contra o próprio sangue dele, de maneira nenhuma ele estaria aqui para ouvir qualquer ato de solidariedade daquele que possivelmente tenha incentivado esse crime. Ele só veio por entender que nenhuma fala do presidente é responsável por esse ato de tamanha violência”.


Por fim, Otoni defendeu que Bolsonaro entende que Marcelo Arruda foi a única vítima no crime. “Bolsonaro fez a menção de que sendo apoiador dele ou não, esse tipo de ato deve ser condenado. Aliás, o presidente colocou muito claro que só há uma vítima nesse caso, que é o Marcelo. Ele era o dono da festa. Quem chega na festa para cometer o ato de violência é que é o único responsável pela violência e não o Marcelo”.


Marcelo foi morto a tiros no último dia 9 durante a própria festa de aniversário, de 50 anos, que tinha como tema o Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo relatos, o atirador seria um apoiador do presidente que invadiu a festa gritando o nome do político: “Aqui é Bolsonaro”. Jorge José da Rocha Guaranho é o agente penitenciário que, de acordo com o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil do estado, teria matado o guarda municipal. Ele deixou hoje a UTI e foi transferido para a enfermaria. Também hoje se tornou réu.

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