O PSDB decidiu indicar a senadora Mara Gabrilli (SP) como candidata à vice-presidente da República na chapa encabeçada pela senadora Simone Tebet (MDB-MS). O nome foi aprovado, ontem, em São Paulo, em uma reunião entre Tebet e os presidentes do PSDB, Bruno Araújo (PE); do Cidadania, Roberto Freire (SP); e do MDB, Baleia Rossi (SP). Depois da reunião, Tebet encontrou-se com a colega de Senado para preparar o anúncio formal da chapa, hoje, às 11h, na sede do Diretório Estadual do PSDB, na capital paulista.
“Que a candidatura de Simone, quem sabe com a confirmação de Mara Gabrilli, seja uma janela aberta para milhões de eleitores brasileiros buscarem uma alternativa que possa levar a eleição ao segundo turno e abrir um espaço novo de discussão que não seja essa radicalização que faz mal à entrega do que a população de fato precisa”, disse Bruno Araújo, ao término da reunião.
Pouco antes, a própria Simone Tebet já havia sinalizado que a chapa seria formada por mulheres, em sabatina na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). “Quero aqui anunciar que, pela primeira vez na história da República do Brasil, nós teremos uma chapa pura para candidata à Presidência da República. A minha vice será mulher”, disse, sem mencionar o nome de Gabrilli.
Com a definição, encerra-se uma longa novela que teve início em março, com o anúncio da aliança entre MDB, PSDB, Cidadania e União Brasil para a disputa presidencial. Na época, os tucanos já estavam divididos entre apoiar ou rechaçar o então candidato do partido, o ex-governador de São Paulo João Doria, aprovado em eleições prévias. O MDB, por sua vez, havia lançado Simone Tebet como pré-candidata, que preferia ter como companheiro de chapa o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
De lá para cá, o PSDB queimou a pré-candidatura de Doria — que acabou desistindo da indicação — e viu Eduardo Leite deixar a corrida presidencial para disputar o governo do Rio Grande do Sul. A terceira via ainda desidratou-se com a decisão de Luciano Bivar de romper o acordo com MDB e PSDB para lançar-se à Presidência em uma candidatura isolada, que também não se sustentou.
Os caciques da tríplice aliança ainda tentaram convencer o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) a assumir a vaga de vice. Inicialmente, o senador — que faz parte da ala fundadora do PSDB — aceitou a missão, mas, nas últimas semanas, passou a sinalizar a interlocutores que não pretendia levar a empreitada adiante por motivos pessoais.
A ideia de uma chapa formada por mulheres passou, então, a ser considerada pela cúpula dos partidos. O Cidadania ofertou o nome da senadora maranhense Eliziane Gama. No PSDB, além de Mara Gabrilli, havia a possibilidade de indicação da ex-prefeita de Caruaru (PE) Raquel Lyra, que está em campanha para o governo de Pernambuco.
Na avaliação de políticos ligados à cúpula dos três partidos, Eliziane Gama agregaria pouco à chapa por ser desconhecida do eleitorado do Sudeste e estar ligada a uma agremiação pequena, o Cidadania.
Raquel Lyra, por sua vez, tem se mostrado competitiva na disputa para o governo pernambucano, e o PSDB teria dificuldade de encontrar outro nome forte para a eleição local. De acordo com as últimas pesquisas no estado, Lyra aparece em segundo lugar nas intenções de voto, atrás da candidata do Solidariedade, Marília Arraes.
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Inclusão
Senadora por São Paulo, a publicitária e psicóloga Mara Gabrilli, 54 anos, é militante da causa das pessoas com deficiência. Em 1994, ela sofreu um grave acidente de carro que a deixou tetraplégica — passou cinco meses internada, dos quais dois em respirador artificial. Em 1997, fundou a ONG Projeto Próximo Passo, para promover a acessibilidade e apoiar pesquisas para cura de paralisias e projetos de inclusão social para atletas com deficiência. Em 2007, a ONG cresceu e virou o Instituto Mara Gabrilli.
“(Gabrilli) sabe do papel que significa representar 30 milhões de famílias que convivem com membros com algum tipo de posição especial (deficiência)”, disse Bruno Araújo.
Em 2018, Mara Gabrilli foi eleita senadora com 6,5 milhões de votos. Antes, havia chefiado a Secretaria da Pessoa com Deficiência da prefeitura paulistana, além de cumprir um mandato de vereadora na capital e dois como deputada federal.
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