Eleições 2022

Cabo Daciolo entra na briga pela vaga do RJ no Senado

Depois de conquistar mais de 1,3 milhão de votos nas últimas eleições presidenciais, Daciolo se filiou ao PDT para apoiar a candidatura de Ciro Gomes

Luiz Carlos Azedo
postado em 08/08/2022 06:00
Famoso em 2018 pelo bordão
Famoso em 2018 pelo bordão "Glória a Deus", Daciolo vai dividir votos no eleitorado evangélico do Rio - (crédito: Nelson Almeida)

Quando tudo parecia praticamente desenhado quanto à disputa da vaga ao Senado pelo Rio de Janeiro, o PDT indicou como candidato a senador o Cabo Daciolo, que se notabilizou na eleição presidencial de 2018 por uma narrativa messiânica ancorada no slogan "Glória a Deus". Assim, defenestrou a pré-candidatura do antropólogo e babalorixá Ivanir dos Santos (PDT), que se notabilizou na luta contra o preconceito e a discriminação religiosa no Rio de Janeiro, principalmente em defesa dos cultos afro-descendentes. O PDT sempre contou com apoio de lideranças do movimento negro no Rio de Janeiro, como o ex-senador Abdias do Nascimento e a socióloga Lélia Gonzales, já falecidos.

Depois de conquistar mais de 1,3 milhão de votos nas últimas eleições presidenciais — ficou à frente de nomes conhecidos como Marina Silva, Henrique Meirelles e Álvaro Dias —, Daciolo se filiou ao PDT para apoiar a candidatura de Ciro Gomes — "como primeira via" — e disputar uma vaga ao Senado por São Paulo, mas mudou de ideia e resolveu ser candidato no Rio de Janeiro. Chegou a retirar a candidatura ao Senado, em um acordo pessoal com Ivanir, mas acabou escolhido candidato em razão da estratégia eleitoral adotada pelo presidente do PDT, Carlos Lupi.

Lupi decidiu evitar uma guerra religiosa que poderia enfraquecer o candidato a governador pela legenda, o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves. Neves é apoiado pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que indicou para vice do pedetista o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz.

Evangélicos

O PDT está mais empenhado em abrir espaço junto aos setores evangélicos. O candidato a presidente da agremiação, Ciro Gomes, se beneficia da mudança, porque os votos de Ivanir estão numa base eleitoral muito comprometida com as candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do candidato do PSol a governador, Marcelo Freixo (PSB). Na avaliação da cúpula pedetista, Daciolo também facilitará a penetração de Rodrigo Neves no mundo evangélico, no qual o governador Cláudio Castro (PL), que é cantor gospel, hoje tem apoio maciço. Ele também conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro.

No confronto com os demais candidatos ao Senado, Ivanir enfraquecia a candidatura de Alessandro Molon (PSB), o grande beneficiário de sua da saída da disputa, enquanto Daciolo pode atrair os evangélicos da base eleitoral do senador Romário (PL), que lidera as pesquisas na disputa ao Senado. Corre por fora o atual presidente da Assembleia Legislativa, André Siciliano (PT), com muito apoio dos prefeitos do interior, inclusive os comprometidos com a reeleição do atual governador.

 

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