MANIFESTO

No dia da leitura, carta pela democracia bate 1 milhão de assinaturas

Documento da Faculdade de Direito da USP foi lido em todo país. Presidente debochou do manifesto

Luana Patriolino
postado em 11/08/2022 23:49 / atualizado em 11/08/2022 23:50
Visão interna da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo durante a leitura da Carta pela Democracia, em São Paulo. -  (crédito: Miguel SCHINCARIOL / AFP)
Visão interna da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo durante a leitura da Carta pela Democracia, em São Paulo. - (crédito: Miguel SCHINCARIOL / AFP)

O manifesto escrito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), batizado de "Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito", ultrapassou, na noite desta quinta-feira (11/8), a marca de 1 milhão de assinaturas. O documento conta com a subscrição de professores, juristas, empresários, políticos e personalidades e foi lido, nesta quinta-feira (11/8), em capitais de todo país.

Mais cedo, houve também a leitura do manifesto em defesa da democracia e da Justiça, liderado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com assinaturas de mais de cem entidades. Os envolvidos não citam nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas apontam a existência de um "imenso perigo para a normalidade democrática".

Desde que foi eleito, Jair Bolsonaro e apoiadores afirmam que as eleições de 2018 foram fraudadas e que a chapa teria ganhado em primeiro turno contra Fernando Haddad (PT), sem nunca apresentar provas da acusação.

Bolsonaro também chegou a sugerir que os militares fizessem uma apuração paralela nas eleições deste ano e, no último mês, realizou uma reunião com embaixadores no Palácio do Planalto, onde atacou novamente o processo eleitoral.

Celso de Mello, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a ser convidado para ler o manifesto das entidades elaborado pela USP, mas recusou por motivos de saúde. No entanto, ele divulgou uma carta em que chamou Bolsonaro de “medíocre” e “desprezível”.

O magistrado diz que o presidente tem “aversão à democracia” e cita “manobras golpistas” em curso no país.

“Torna-se importante, por tal razão, que aqueles que respeitam a institucionalidade e que prestam fiel reverência à nossa Constituição reajam - e reajam sempre com apoio e sob o amparo da Lei Fundamental do Brasil – às sórdidas manobras golpistas, às sombrias conspirações autocráticas e às inaceitáveis tentações pretorianas de submeter o nosso País a um novo e ominoso”, escreveu Mello.

Junto a leitura da carta, diversas manifestações foram realizadas nas capitais brasileiras nesta quinta-feira.

  • Um homem vestido de urna eletrônica participa de uma manifestação em defesa da democracia e da justiça em São Paulo NELSON ALMEIDA/AFP
  • Pessoas participam de manifestação em defesa da democracia, em São Paulo NELSON ALMEIDA / AFP
  • Pessoas participam de manifestação em defesa da democracia e da justiça em São Paulo NELSON ALMEIDA/AFP
  • Estudantes participam de manifestação em defesa da democracia e contra o presidente Jair Bolsonaro NELSON ALMEIDA/AFP

 

Desde a divulgação das assinaturas, Bolsonaro tenta minimizar o tema. Durante live nas redes sociais nesta quinta-feira, ele debochou do manifesto das entidades. Ao exibir um exemplar da Constituição Federal de 1988, indagou: "Alguém discorda que essa daqui é a melhor carta à democracia?".

O presidente ainda chamou as cartas lidas em ato na Faculdade de Direito da USP de "pedaço de papel qualquer" e afirmou que o PT deu voto contrário ao texto da Carta Magna brasileira.

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