Eleições 2022

Lula e Bolsonaro se articulam para novos atos em Minas antes do 1° turno

Presidente deve voltar a Belo Horizonte nesta semana, enquanto campanha do PT prepara, para setembro, atos de seu candidato no Vale do Aço e no Norte

Guilherme Peixoto - Estado de Minas
postado em 22/08/2022 11:37 / atualizado em 22/08/2022 11:37
 (crédito: Miguel Schincariol/AFP/Mauro Pimentel/AFP)
(crédito: Miguel Schincariol/AFP/Mauro Pimentel/AFP)

Poucos dias após as últimas incursões por Minas Gerais, os entornos do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já articulam novos retornos ao estado. Os aliados mineiros de Bolsonaro se preparam para recebê-lo em Belo Horizonte na quarta-feira (24/8). A ideia é organizar um ato de campanha - ao contrário da última visita dele à capital mineira, na sexta-feira (19), quando participou de um evento institucional: a instalação do Tribunal Regional Federal da 6° Região (TRF-6).

O grupo de Lula, por sua vez, trabalha na viabilização de uma viagem do petista ao Vale do Aço e ao Norte de Minas no início de setembro.

A agenda de Bolsonaro em BH começou a ser articulada na semana passada. Ontem, segundo apurou o Estado de Minas, detalhes como o formato do ato eleitoral, o horário e o local estavam sendo debatidos pelo deputado estadual Bruno Engler (PL-MG) e pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A tendência é que a programação da nova passagem do presidente pelo município seja divulgada hoje.

Do lado de Lula, as conversas estão em estágio menos avançado, mas, segundo descobriu a reportagem, Ipatinga e Montes Claros são as favoritas para recebê-lo.

Na sexta, quando deixava BH após a posse dos desembargadores do TRF-6, Bolsonaro gravou um vídeo ao lado de Engler e de Nikolas Ferreira (PL), vereador de Belo Horizonte. Nas imagens, os parlamentares garantem a volta do presidente à capital.

"Na quarta-feira, ele volta a BH em campanha. Esperamos todos vocês", chegou a assegurar o deputado estadual, em direção aos seguidores de suas redes sociais.

Lula também tem falado abertamente sobre o desejo de voltar a Minas. Na quarta-feira (17), um dia antes do comício que reuniu milhares de pessoas na Praça da Estação, em BH, o ex-presidente concedeu entrevista exclusiva ao EM e colocou, justamente, o Norte e o Vale do Aço na lista de localidades que quer visitar antes do primeiro turno.

"Minas tem a diversidade e a complexidade do país. O país é grande, este ano a campanha é muito curta, e esta é uma eleição para selar o compromisso dos brasileiros com a democracia, com a paz, com a inclusão social, com nossa soberania e independência", disse.

Os planos do líder petista vão ao encontro do que tem dito o correligionário Reginaldo Lopes, deputado federal e coordenador da campanha presidencial do PT em Minas. Ele é um dos responsáveis por articular as ações em prol de Lula no estado.

Lula relembra ligação com Minas Gerais

Na Praça da Estação, Lula relembrou os périplos que fez por Minas em anos anteriores. Ele chegou, inclusive, a citar o comício que encerrou sua primeira campanha presidencial, em 1989. Belo Horizonte sediou o evento.

"Nunca visitei um estado como já visitei Minas. Já fui muitas vezes aos vales do Aço e Mucuri. Até universidades fiz lá. Tenho adoração pelo Vale do Jequitinhonha. Já fui ao Vale do Rio Doce, ao Norte e ao Sul de Minas", garantiu.

As viagens por Minas servirão, também, para impulsionar, no interior, a candidatura de Alexandre Kalil (PSD) ao governo. Ele disputa o pleito com o apoio do PT e tem o deputado estadual André Quintão, colega de partido de Lula, como postulante a vice. O senador Alexandre Silveira, também filiado ao PSD, concorre à reeleição com o endosso dos petistas.

Ipatinga, que deve estar na rota de Lula, aliás, é uma das principais bases da atuação de Silveira.

A edição de ontem do EM mostrou que, segundo o Instituto F5 Atualiza Dados, em Minas, Lula tem 43,4% das intenções de voto, contra 33,9% de Bolsonaro (registros MG-04382/2022 e BR-08433/2022 junto à Justiça Eleitoral). Apesar da vantagem de 9,2 pontos do petista, a distância entre ele diminuiu em comparação ao fim de julho, quando o petista aparecia com 44,8%, ante 31,5% do presidente.

Bolsonaro e as viagens em sequência a Minas

Se, de fato, desembarcar em BH nesta semana, será a sexta vez, em cerca de um mês, que o presidente cumpre compromissos em Minas. Em julho, o liberal passou por Uberlândia, no Triângulo, e por Juiz de Fora, na Zona da Mata. Neste mês, além do retorno à cidade em que sofreu um golpe a faca na campanha de 2018 e da participação na instalação do TRF-6, Bolsonaro esteve, ainda, em Montes Claros.

Após não conseguir fechar acordo com o governador Romeu Zema (Novo) para a montagem de um palanque, Bolsonaro deu aval a uma candidatura própria do PL ao Palácio Tiradentes. Assim, o senador Carlos Viana, que tinha o desejo de estar no páreo, foi autorizado a articular a sua chapa.

Embora parte dos liberais nutram o desejo de apoiar Zema, o presidente da República deu respaldo público a Viana na semana passada.

"Não fechei com ele porque passou a ter um candidato a presidente cujo vice, a cada três palavras, bate em mim em duas. Zema, não tem condições, não vou fazer nada contra você, até porque isso é da minha consciência. E vou ter o Carlos Viana aqui; e não é um franco-atirador. Tem potencial, caso chegue, de fazer um bom governo também", disse o presidente, à "Rádio 98 FM", de BH.

A chapa presidencial do Novo, citada por Bolsonaro, é encabeçada por Felipe d'Avila, a quem Zema prega lealdade. O candidato a vice é o deputado federal mineiro Tiago Mitraud, que no ano passado declarou apoio ao impeachment do chefe do Executivo federal.

Em Minas, o PL fechou acordos com o PRTB e com o Republicanos, que indicou Wanderley Amaro, coronel reformado da Polícia Militar, para ser o vice de Viana. O percurso do senador após o aval de Bolsonaro à construção da candidatura, porém, foi marcado por reviravoltas. Viana chegou a anunciar um acordo com o União Brasil pelo posto de vice e citou o deputado federal Bilac Pinto como seu predileto para a vaga. O União, contudo, resolveu adotar a neutralidade. Um acordo com o Democracia Cristã (DC) também foi tornado público, mas, segundo a base de dados da Justiça Eleitoral, a legenda está no arco de alianças de Zema.

Na terça-feira (16), em Juiz de Fora, quando Bolsonaro fez o primeiro comício da campanha deste ano, Viana sequer falou. O deputado estadual Cleitinho Azevedo (PSC), candidato ao Senado com o apoio do presidente, no entanto, pôde conversar com a plateia.

"Para evitar atrasos na agenda do presidente, somente ele e a esposa falariam. Cleitinho pediu e foi atendido com o microfone por um minuto. Depois que Bolsonaro saiu outros candidatos se manifestaram livremente", falou o candidato a governador, ao explicar a decisão de não discursar.

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