ELEIÇÕES 2022

Ciro sobre desmatamento: "A algema vai voltar a funcionar"

Em 2021, o desmatamento cresceu 20% em relação a 2020, sendo 59% do devastamento florestal apenas na Amazônia

Talita de Souza
postado em 23/08/2022 22:12 / atualizado em 23/08/2022 22:13
 (crédito: Reprodução/Rede Globo)
(crédito: Reprodução/Rede Globo)

O próximo presidente da República irá se deparar com um país com urgências ambientais e acordos internacionais de preservação de florestas e biomas a cumprir. Para o candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT), a principal forma de retomar o controle das políticas ambientais e fazer com que as legislações existentes sejam respeitadas é punir os infratores. Em um eventual governo dele, ele afirma que "a algema vai voltar a funcionar". 

"Sabe onde estão desflorestando? Unidades de conservação. Sabe onde estão invadindo? Reservas indígenas já pactuadas. Sabe onde é que estão destruindo recursos hídricos, nascentes? Em áreas que já estão protegidas pelo Código Florestal. Nesses casos, o que falta mesmo é uma mão firme, e a algema vai voltar a funcionar no primeiro dia do meu governo. Disso ninguém duvide", pontuou. A declaração foi feita durante uma entrevista no Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta terça-feira (23/8).  

De acordo com o levantamento da rede MapBiomas, a invasão de garimpeiros cresceu 495% em Terras Indígenas e 301% em locais de conversação entre 2010 e 2020. Em 2021, o desmatamento cresceu 20% em relação a 2020, sendo 59% do devastamento florestal apenas na Amazônia.

O presidenciável afirma conhecer as situações de infração ambiental, como garimpo ilegal e pesca predatória no Norte do país, e que é processado pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, por ter afirmado que a "extenso domínio pelo narcotráfico, desfloramento, pesca e caça ilegais, é um processo de holding de crimes que não ocorreria sem a conivência ou a emissão das Forças Armadas". 

Ciro ainda afirma que, para os moradores daquele local — diferentemente dos garimpeiros ou responsáveis por desvastamento institucional —, que só sabem conseguir recursos pela venda de madeira, irá investir em uma mudança de pensamento cultural.

"Precisamos fazer um grande trabalho de reconversão da lógica produtiva. Fazer com que a economia rural aprenda que a floresta vale muito mais em pé do que derrubada, biotecnologia, uma nova farmácia, uma série de coisas possíveis com a floresta em pé", afirma. 

Além disso, Ciro diz que contará com líderes da Amazônia para pensar a legislação atual, além de criar um mapa de "zoneamento econômico ecológico". "Estabelecer no mapa, com georreferenciamento, com satélite, aqui pode, aqui não pode. Pegar as unidades de conservação, os biomas mais sensíveis, que não é só a Amazônia, e elencar. A partir disso, fazer um grande esforço de diversificação da atividade produtiva", conclui. 

Sabatinas no JN

Ciro é o segundo convidado da série de entrevistas promovida pelo telejornal com os presidenciáveis com melhor desempenho na pesquisa Datafolha de 28 de julho. A ordem das sabatinas, que duram 40 minutos, foi estabelecida por meio de sorteio.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu a série na segunda-feira (22/8). Depois de Ciro, William Bonner e Renata Vasconcellos entrevistam Lula (PT), na quinta (25/8), e Simone Tebet (MDB), na sexta (26/8). André Janones (Avante) seria o quinto candidato a participar da série, mas retirou a candidatura para apoiar Lula no primeiro turno.

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