Eleições 2022

Fome vira tema central na campanha dos candidatos à presidência

Depois que Bolsonaro minimizou um dos principais problemas do país, afirmando durante entrevista que "não existe da forma como é falado", candidatos ao Palácio do Planalto expõem planos para o enfrentamento

Sandy Mendes
postado em 28/08/2022 06:00
Presidente desfila a cavalo na área de espetáculos da Festa do Peão, em Barretos. Ele foi recebido como personalidade de honra e ovacionado.  -  (crédito: Cleber Caetano/PR)
Presidente desfila a cavalo na área de espetáculos da Festa do Peão, em Barretos. Ele foi recebido como personalidade de honra e ovacionado. - (crédito: Cleber Caetano/PR)

A fome tornou-se o tema central das campanhas ao Palácio do Planalto, depois que Jair Bolsonaro (PL) negou, em uma entrevista concedida na última sexta-feira, que a questão no Brasil seja de extrema gravidade. A afirmação do presidente, alvo de críticas entre os candidatos ao comando do país, permitiu que cada um expusesse como pretende enfrentar o problema.

Em São Paulo, Simone Tebet (MDB) assegurou que nenhuma criança dormirá com fome a partir de 1º de janeiro, caso chegue à Presidência da República.

"Na nossa administração, nenhuma criança a partir de janeiro do ano que vem vai dormir com fome no Brasil, se nós formos eleitos. Pode faltar dinheiro para tudo, mas não para alimentar as nossas crianças e adolescentes", afirmou.

Para Simone, a primeira medida no sentido de erradicar a fome no país é derrotar Bolsonaro nas urnas, em outubro. "Temos que tirar o atual presidente do poder, um homem insensível, que teve a capacidade de dizer que no Brasil não tem fome pra valer. Eu aconselho ao presidente pegar seu avião, ir a Minas Gerais e conversar com um menino de 11 anos que ligou para o número 190 não para pedir ajuda à força policial, mas porque estava há três dias sem comer", desafiou.

No caso de Vera Lúcia, presidenciável do PSTU, a estatização do agronegócio é fundamental para dar um golpe de morte na fome. "Tem dois problemas: o desemprego e a carestia. Precisamos atacar as duas coisas ao mesmo tempo. Uma é acabar imediatamente com a paridade de preço de importações para abaixar o custo dos combustíveis, do gás de cozinha e também dos alimentos. Junto com isso, precisamos estatizar todo o agronegócio, desde a terra, a indústria de alimentos e de distribuição. Colocar isso na mão da classe trabalhadora, que trabalha nesses setores", disse, na campanha que fez também em São Paulo.

O petista Luiz Inácio Lula da Silva não comentou as declarações de Bolsonaro, mas, no horário eleitoral de tevê que foi ao ar ontem, deu espaço ao tema — um dos pilares da sua campanha presidencial.

"É um grande prazer encontrar vocês aqui para conversar sobre o futuro do país. A alegria só não é completa porque, neste momento, milhões não têm o que comer. As famílias sofrem com os preços que não param de subir e com um salário que mal dá para uma cesta básica", disse Lula.

Na última sexta-feira, Bolsonaro colocou em dúvida se a fome é, realmente, um problema de alta gravidade. Afirmou, ainda, que não há pedintes na frente das padarias. "Fome no Brasil não existe da forma como é falado. O que é extrema pobreza? É ganhar até US$ 1,9. Isso dá R$ 10. O Auxílio Brasil são R$ 20 por dia. Quem porventura está no mapa da fome, pode se cadastrar e vai receber. Não tem fila o Auxílio Brasil", minimizou.

Dados de recente relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que quase 30% da população brasileira sofre de insegurança alimentar moderada ou grave. São 61,3 milhões de pessoas que não têm garantia de alimentação — entre elas, 15,4 milhões convivem com insegurança alimentar grave. Os dados da pesquisa foram colhidos no período de 2019 a 2021.

 

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