Eleições 2022

Sergio Moro fala em corrupção no Podemos: 'Velha política'

Moro integrava o Podemos até março deste ano e iria concorrer à presidência pelo partido, que o acusa de usar dinheiro público para beneficiar um amigo

Vinícius Prates* - Estado de Minas
postado em 31/08/2022 10:17 / atualizado em 31/08/2022 10:17
 (crédito: Carl DE SOUZA/AFP)
(crédito: Carl DE SOUZA/AFP)

O ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil) acusou o Podemos, seu antigo partido, de corrupção. Moro, que é candidato ao Senado pelo Paraná, disse que a legenda tem uma "clara prática da velha política". Segundo ele, há uma "cortina de fumaça" para esconder a lavagem de dinheiro por trás do partido. A declaração foi dada ao Jornal Estado de São Paulo.

O Podemos respondeu às declarações de Moro alegando que o ex-juiz da Operação Lava Jato usou dinheiro público para beneficiar um amigo e aliado, dono de uma consultoria jurídica. Segundo o Estadão, o partido ameaça pedir a restituição de valores na Justiça.

Ainda de acordo com o partido, Moro exigia que o Fundo Partidário fosse usado para pagar personal stylist, alfaiataria, roupas, sapatos e óculos de grife, entre outros itens. 

O candidato contesta as acusações do Podemos: “É uma clara prática da velha política. Cortina de fumaça para esconder o principal: os indícios de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a alta cúpula do Podemos, encontrados e formalizados no relatório de auditoria que foi revelado pela revista Veja. A falta da tomada de qualquer providência pelos dirigentes e o fim prematuro da auditoria determinaram a minha saída do partido”, alegou Moro.

O Podemos rebate as acusações do ex-juiz. De acordo com o partido, Luis Felipe Cunha, primeiro-suplente ao Senado na chapa de Moro, recebeu R$ 60 mil para colaborar na elaboração do programa de governo de Moro para a disputa à Presidência da República, mas, segundo a legenda, Cunha nunca prestou o serviço e ainda tentou outras formas de receber dinheiro do Fundo Partidário.

“A despeito de todo e qualquer pedido, o Podemos jamais aceitou pagar qualquer despesa pessoal do senhor Sérgio Moro. Além disso, não admite a manutenção de contratos que não tenham comprovação de execução. A não entrega de relatórios de prestação de serviços foi a razão da suspensão de pagamentos à consultoria do Bella Ciao, cujo sócio é Luis Felipe Cunha, indicado pelo senhor Sérgio Moro como seu assessor direto”, disse o Podemos, em nota.

Integrantes do partido informaram ao Estadão que Moro e Cunha pediam R$ 70 milhões para a candidatura e campanha do e-juiz como candidato a presidente. "Aliás, a decisão de filiação de Moro ao Podemos começou no estilo 'proposta indecente', uma vez que pedido era que o partido custeasse um salário de R$ 40 mil - remuneração de ministro do STF - e pelo prazo de quatro anos, a pretexto de lhe garantir segurança familiar e o luxo ao qual está habituado, caso o projeto eleitoral naufragasse", afirmou o Podemos.

Moro nega que tenha pedido ou recebido desembolso, mas admite que a empresa do aliado recebeu recursos do Podemos. "Bella Ciao [empresa de consultoria de Cunha] foi a consultoria que auxiliou o partido na formulação do plano de governo, tendo recebido parcialmente pelos serviços prestados", afirmou.

Cunha disse que sua empresa foi contratada pela Fundação Podemos para "elaborar um projeto de melhorias para o País, visando subsidiar uma possível candidatura presidencial", mas que o partido ainda está devendo pelos serviços prestados.

"O trabalho vinha sendo desenvolvido regularmente com a previsão de pagamentos mensais. Entretanto, somente as duas primeiras parcelas referentes à prestação do serviço foram efetivamente quitadas", alegou.

Eleições para Senado

Com a candidatura ao Senado, Moro disputa a vaga com o atual senador Álvaro Dias, do Podemos, considerado um dos "padrinhos" do ex-juiz, e que busca a reeleição.

*Estagiário sob supervisão da subeditora Jociane Morais

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