Sem estimativa oficial de número de presentes, mas com um grande público, o sete de setembro pré-eleição 2022 aconteceu com uma mescla de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) e cidadãos que foram apenas assistir ao desfile cívico-militar — suspenso por dois anos devido a pandemia.
Entre o público que se amontoava nas arquibancadas estava Tatiane Pereira, 40 anos, com seu filho de 10 anos. A mulher, que é bispa na igreja Ministério com Deus em Vida, sediada em Taguatinga Sul, disse que não foi à Esplanada dos Ministérios, nesta quarta-feira (7/9), por causa da presença de Jair Bolsonaro (PL), mas o apoia.
Apesar de reforçar que no momento das declarações de Bolsonaro, ficou longe da aglomeração — por acreditar que religião não pode se misturar com política —, ela confirma que uma das principais bandeiras do chefe do Executivo, a defesa da família, é a mesma que a dela.
Segundo ela, todas as igrejas defendem a reeleição do presidente porque ele se aproximou das instituições, diferentemente de Lula que somente atacou os evangélicos. “Um líder nacional deve apoiar a igreja. Ele não está indo por causa da campanha, a mulher dele serve ao Senhor”, disse.
“Nós temos que ter os nossos dentro da igreja, que briguem pelas mesmas bandeiras. Apoio o Bolsonaro porque ele defende o estatuto da família. Não me importo que ele defenda as armas, ele é militar, é natural. Cada um deve ter a sua consciência”, continuou.
Presença de Bolsonaro nos atos
O discurso com viés eleitoreiro de Bolsonaro serviu para acarinhar os apoiadores — o presidente pediu para que essas pessoas convencessem quem não o escolheria a votar nele. As palavras foram ouvidas atentamente por Getúlio Ribeiro, 33 anos, que viajou em torno de 1.440 km, de São José dos Quatro Marcos, em Mato Grosso, até Brasília. Ele viajou 36 horas, em uma caravana com mais quatro ônibus para assistir pessoalmente os discursos do chefe do Executivo e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
“Em 33 anos nunca vim ao sete de setembro, dessa vez tive um motivo maior que foi estar ao lado dele, porque tem condições de reeleger. Saíram algumas pesquisas que eu não acredito na veracidade, pois não é o que vejo nas ruas de lá, não acha um adesivo em carro que não seja de algum partido que apoia Bolsonaro”, definiu.
O rapaz trabalha com o transporte de carga bovina viva e leva os animais do interior do Estado para a capital, Cuiabá. Getúlio se atraiu pela forma política de Bolsonaro por causa da bandeira anticorrupção, justamente pela experiência que teve ao trabalhar com política.
“Fui assessor de uma instituição pública em Mato Grosso (e) vi muita coisa errada acontecendo. Não me orgulho de ter sido conivente, mesmo que tenha sido por um curto tempo. Por isso, enquanto eu não ver coisa errada do Bolsonaro, estou com ele. Acho que quem o apoia hoje é principalmente porque preza por agir corretamente”, arriscou.
Questionado sobre os escândalos de corrupção que levou à queda do ex-ministro da educação, Milton Ribeiro, Getúlio calmamente explicou que “às vezes a gente se surpreende até com namorada, que confia e trai”.
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