DECISÃO

TSE proíbe Bolsonaro de usar imagens do 7 de setembro em propaganda

Na decisão, o ministro Benedito Gonçalves apontou a divisão entre a data cívica e a mobilização eleitoral; decisão foi publicada no fim deste sábado (10/9)

Ronayre Nunes
postado em 11/09/2022 11:17 / atualizado em 11/09/2022 11:17
A campanha de Bolsonaro tem 24 horas para cessar a veiculação das imagens do presidente durante eventos oficiais no Bicentenário da Independência em Brasília e no Rio de Janeiro -  (crédito:  Ed Alves/CB)
A campanha de Bolsonaro tem 24 horas para cessar a veiculação das imagens do presidente durante eventos oficiais no Bicentenário da Independência em Brasília e no Rio de Janeiro - (crédito: Ed Alves/CB)

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves proibiu o presidente Jair Bolsonaro (PL) de usar imagens do 7 de setembro em material de campanha. As imagens usadas foram gravadas pela TV Brasil. Segundo entendeu o magistrado, existe favorecimento eleitoral de Bolsonaro no uso das imagens.

A decisão foi publicada no fim deste sábado (10/9). O ministro atendeu a um pedido da coligação do ex-presidente Lula (PT). O chefe do Executivo tem cinco dias para apresentar a defesa.

Veto ao uso de imagens

A campanha de Bolsonaro tem 24 horas para cessar a veiculação das imagens do presidente durante eventos oficiais no Bicentenário da Independência em Brasília e no Rio de Janeiro. A multa — em caso de descumprimento — é de R$ 10 mil por dia.

O ministro também determinou que a TV Brasil edite um vídeo do 7 de setembro em seu canal no Youtube para excluir trechos em que Bolsonaro aparece. Num desses momentos, o presidente dá uma entrevista no Palácio da Alvorada, durante café da manhã com ministros, e fala que rupturas como a de 1964, ano do golpe que deu início à ditadura militar, "podem se repetir" e voltou a convocar a população para ir às ruas. Caso a TV Brasil descumpra a medida, a multa diária é também de R$ 10 mil.

Na decisão, o ministro apontou a divisão entre a data cívica e a mobilização eleitoral: "De fato, o uso de imagens da celebração oficial na propaganda eleitoral é tendente a ferir a isonomia, pois utiliza a atuação do Chefe de Estado, em ocasião inacessível a qualquer dos demais competidores, para projetar a imagem do candidato e fazer crer que a presença de milhares de pessoas na Esplanada dos Ministérios, com a finalidade de comemorar a data cívica, seria fruto de mobilização eleitoral em apoio ao candidato à reeleição".

"A jurisprudência do TSE orienta que, em prestígio à igualdade de condições entre as candidaturas, a captura de imagens de bens públicos, para serem utilizadas na propaganda, deve se ater aos espaços que sejam acessíveis a todas às pessoas, vedando-se que os agentes públicos se beneficiem da prerrogativa de adentrar outros locais, em razão do cargo, e lá realizar gravações", disse Gonçalves, em outro trecho da decisão.

Neste sábado, 10, Bolsonaro apostou em imagens do 7 de setembro na propaganda que foi ao ar no horário eleitoral gratuito na TV. "Nosso Brasil está comemorando 200 anos de independência e a gente foi para a rua comemorar esse passado, mas também para dizer que Brasil a gente quer para o futuro", diz a locutora da peça publicitária, que aposta no eleitorado conservador e religioso, com prioridade à defesa da família e à rejeição ao aborto e à legalização das drogas.

"Está vendo essa galera toda aí? Tem pai, tem mãe, tem tio, avô, avó, tem a juventude, as crianças. Isso é a família, e todos querem a mesma coisa: um Brasil decente e seguro", acrescenta a locutora. "O Brasil que eu quero para os meus filhos é sem a liberação das drogas", afirma, em seguida, uma apoiadora. "É o que nós estamos precisando neste momento: a união das famílias", diz outra militante.

Na sequência, aparece um trecho do discurso de Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios no 7 de setembro. "Hoje vocês têm um presidente que acredita em Deus, um governo que defende a família. Somos uma pátria majoritariamente cristã, que não quer a liberação das drogas, que não quer a legalização do aborto, que não admite a ideologia de gênero. E um presidente que deve lealdade a seu povo", diz o candidato à reeleição.

*Com informações da Agência Estado

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