A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai intensificar as conversas e negociações em São Paulo, que passou à condição de prioridade para este segundo turno. A razão é o desempenho surpreendente de Jair Bolsonaro (PL) e do candidato que o presidente da República apoia, o ex-ministro da Infra-Estrutura Tarcísio de Freitas — que passou à frente do petista Fernando Haddad na corrida ao Palácio dos Bandeirantes.
Na reunião da coordenação da campanha, a conclusão foi de que o interior do estado não recebeu a atenção necessária por parte de Lula. O petista visitou apenas Campinas e Sumaré, onde foi a uma ocupação com o agora deputado eleito Guilherme Boulos (PSol).
Segundo o presidente do diretório paulista do PT, Luiz Marinho — que trabalha também como coordenador de campanha de Haddad —, os candidatos a presidente e governador devem atuar de forma conjunta no estado a partir de agora, buscando os votos do interior. O petista venceu Tarcísio de Freitas na capital, que tem 16 milhões de eleitores, mas perdeu no restante do estado, que soma 18 milhões.
"Eu creio que a ordem de (reunir) 100 prefeitos é uma meta boa", disse Marinho, após a reunião de ontem. A campanha de Haddad espera, ainda, uma participação maior do vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), responsável por atrair o eleitorado ainda resistente ao PT. "Agora é Lula e Haddad, Haddad e Lula", afirmou Marinho.
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Religiosos
Os eleitores religiosos também entraram na mira da campanha petista, que vai buscar os setores mais conservadores para quebrar resistências. Mas, enquanto essa ofensiva não se inicia, Lula deu o primeiro passo nessa aproximação ao se reunir com frades franciscanos — entre eles estava Frei David, fundador da ONG Educafro, que busca a inclusão de jovens negros no ensino superior. A reunião foi simbólica: ontem, celebrou-se o Dia de São Francisco, padroeiro da ordem católica e das animais.
"Gosto de professar minha fé, gosto de demonstrar minha religião, na minha intimidade. Eu não gosto de ficar fazendo carnaval", disse Lula durante o encontro. O petista também elogiou o papa Francisco, cujo nome para o pontificado foi inspirado pelo santo. "Tem sido um homem de coragem exemplar. Ele tem se posicionado sobre todos os assuntos, em qualquer lugar do mundo. Se posicionou sobre a minha prisão e sobre a guerra na Ucrânia", lembrou.
A campanha de Lula planeja um encontro com a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e uma reunião com religiosos, em Aparecida do Norte (SP), para 12 de outubro, quando comemora-se o dia da padroeira do Brasil. A aproximação ocorre depois de forte movimento feito por apoiadores de Bolsonaro de divulgação de notícias falsas ligando Lula a um suposto satanista (leia na página 4).
Durante o encontro, os frades deram a bênção a Lula e às imagens de São Francisco de Assis e de São Benedito. Janja, mulher de Lula, também levou dois cachorros para serem benzidos pelos franciscanos.
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