ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro faz condicionante ao STF para desistir de aumentar quantidade de ministros

Presidente disse que pode descartar a proposta de ampliar a quantidade de ministros do Supremo Tribunal Federal, caso a Corte "baixe a temperatura", e também faz críticas à aliança entre Lula e Simone Tebet

Taísa Medeiros
postado em 10/10/2022 03:00
 (crédito: Reprodução/YouTube)
(crédito: Reprodução/YouTube)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a comentar ontem sobre a possibilidade de alterar a composição do Supremo Tribunal Federal (STF) em um eventual segundo mandato. Em entrevista ao canal Pilhado, no YouTube, Bolsonaro disse que pode "descartar" a proposta, caso os integrantes da Corte "baixem a temperatura". A entrevista foi realizada por Thiago Asmar e Paulo Figueiredo Filho, neto do ex-presidente João Figueiredo, o último general a governar o país durante a ditadura militar, entre 1979 e 1985.

"Se eu for reeleito, e o Supremo baixar um pouco a temperatura, já temos duas pessoas garantidas lá (Kassio Nunes Marques e André Mendonça), tem mais gente que é simpática à gente, mas já temos duas pessoas garantidas lá, que são pessoas que não dão voto com sangue nos olhos, tem mais duas vagas para o ano que vem, talvez se descarte essa sugestão", detalhou.

A ampliação no número de integrantes do STF é defendida por aliados de Bolsonaro, seguindo a lógica de que, com mais ministros indicados pelo atual presidente, o diálogo com a Corte será mais fácil. Apesar de comentar o assunto nos últimos dias, não há nenhum projeto formal para tanto. O que é comentado pelo presidente é que existe uma proposta de alteração dos atuais 11 ministros para 16. Durante a entrevista, Bolsonaro disse que só debaterá este tema após as eleições.

Caso Bolsonaro ganhe as próximas eleições, o STF contaria com mais dois ministros indicados por ele, já que Rosa Weber e Ricardo Lewandowski estão próximos de se aposentar. Aumentando o número de ministros, o presidente poderia ter maioria dentro do Supremo.

O presidente destacou, ainda, a necessidade de que uma alteração dessa magnitude seja alinhada com o parlamento. "Se não for possível descartar, você vê como é que fica. Você tem que conversar com o Senado também para a aprovação de nomes. Você tem que conversar com as duas Casas sobre a tramitação de uma proposta nesse sentido", disse.

Mas, segundo ele, haverá resistência a uma proposta nesse sentido. "Está na cara que muita gente do Supremo vai para dentro da Câmara e do Senado (com posição) contrária (à proposta), porque, se você aumenta o número de ministros do Supremo, você pulveriza o poder deles. Eles passam a ter menos poder, e lógico que não querem isso", completou. Apesar disso, o candidato à reeleição reiterou que a composição da Câmara e do Senado ficaram mais favoráveis para ele, facilitando as discussões de suas ideias no Congresso.

"É impossível eu governar mais quatro anos com o Supremo agindo com ativismo judicial. Eu tinha alguma dificuldade com o parlamento. Essa dificuldade, com a nova composição do parlamento, em especial no Senado, acabou. Porque quem faz leis é o parlamento brasileiro, não sou eu", frisou.

Outro lado

Bolsonaro também aproveitou a ocasião para tecer críticas ao seu principal oponente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em especial relacionado às pautas de costumes. O candidato à reeleição disse que, em relação ao PT, não é necessário inventar notícias falsas. "Para você criticar o PT, não precisa de fake news. É só falar a verdade. Falar que o Lula é contra o aborto, contra a ideologia de gênero, falar que o Lula é honesto: aí é fake news!", ironizou.

Ao definir Lula como "mentiroso, estelionatário, corrupto, bandido e sem caráter", Bolsonaro disse não ser ofensa, mas, sim, a "realidade". "Um grande mentiroso, estelionatário, corrupto, bandido e sem caráter. Não estou ofendendo Lula, é uma realidade, você mostra isso com ações dele ao longo de oito anos", disse. "É um cara que já ficou oito anos no poder, desgraçou o país, bateu muito na questão de religião, na família, a questão de banheiros unissex", completou.

A respeito dos demais candidatos que concorreram ao primeiro turno das eleições, o presidente focou suas críticas, em especial, à senadora Simone Tebet (MDB-MS). "Também criticou muito o Lula, com verdades, e de repente ela abre apoio explícito pra ele e me acusa de ditador. Onde que sou ditador?", questionou.

O presidente comentou, ainda, sobre suposta "perseguição" que sofre da imprensa brasileira — a qual, segundo ele, é alinhada aos ideais de esquerda. "Ser de esquerda passou a ser bonito, com libertinagens. Nós não aceitamos isso. Então esse lado ideológico também pesou pro pessoal (da imprensa) dar pancada na gente. (...) Até anteontem aqui eu falei um pouco mais grosso, pessoal disse 'não fala assim'. Eu fui bastante objetivo, quase um desabafo para a imprensa, pelo que está acontecendo. O PT fala o tempo todo, o Lula, que vai controlar a imprensa", destacou. "Se essa esquerda um dia voltar ao poder só tem uma maneira de se manter lá: calando a imprensa e não permitindo que o povo se comunique através das mídias sociais". 

 


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Se eu for reeleito, e o Supremo baixar um pouco a temperatura, já temos duas pessoas garantidas lá (Kassio Nunes Marques e André Mendonça), tem mais gente que é simpática à gente"
Jair Bolsonaro, candidato do PL à reeleição

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