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Lula monta tropa de choque no Legislativo com parlamentares de confiança

Ao colocar Wagner, Randolfe e Guimarães em lideranças, presidente eleito escolhe parlamentares nos quais confia plenamente

Taísa Medeiros
postado em 30/12/2022 03:55
 (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, ontem, os líderes do futuro governo no Legislativo. Ficam responsáveis pela articulação política o deputado federal José Guimarães (PT-CE), na Câmara; e os senadores Jaques Wagner (PT-BA), no Senado, e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no Congresso. Os três têm estreita ligação com o petista.

As escolhas de Lula são estratégicas. Wagner, que chegou a ser cotado para ocupar um ministério, atuou na articulação para a aprovação da PEC da Transição no Congresso — que viabilizou o cumprimento de promessas da campanha o presidente eleito. O senador, por sinal, já ocupou postos no primeiro escalão de governos petistas: foi ministro do Trabalho (2003-2004), da Secretaria de Relações Institucionais (2005-2006), da Defesa (2015) e da Casa Civil (2015-2016).

Ao anunciar os membros que faltavam para fechar os postos na Esplanada, Lula explicou por que não entregou pastas a Wagner e à presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR). "São duas pessoas que tive a liberdade de dizer: vocês não serão ministros. Wagner, porque eu precisava dele no Senado. E Gleisi, porque ela tem que trabalhar muito para costurar as várias tendências que nosso partido tem, e que não é fácil. Mas ela faz isso com muita competência", salientou.

O futuro líder no Senado foi governador da Bahia por dois mandatos, de 2007 a 2014, e chegou a ser apontado, em 2018, para concorrer à Presidência da República, quando Lula estava judicialmente impossibilitado de disputar.

Segundo petista do trio, José Guimarães ocupa pela segunda vez uma liderança por indicação do Palácio do Planalto — foi líder do governo da ex-presidente Dilma Rousseff. O parlamentar é frequentemente ligado ao episódio no qual José Adalberto Vieira, então seu chefe de gabinete, foi preso, em 2005, no aeroporto de Congonhas (SP), com US$ 100 mil escondidos na cueca, além de US$ 209 mil e uma mala de mão.

Guimarães é irmão de José Genoíno, ex-integrante da Guerrilha do Araguaia, ex-presidente do PT e ex-deputado federal — condenado a quatro anos e oito meses de reclusão em regime semiaberto por envolvimento no escândalo do Mensalão.

Pedra no sapato

Futuro líder no Congresso, Randolfe Rodrigues (AP) tem estreita ligação com os partidos de esquerda. Egresso do PT e com passagem pelo PSol, hoje integra a bancada da Rede e foi um dos principais adversários do atual governo, tanto no Parlamento quanto nas ações que impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na CPI da Covid, da qual foi vice-presidente, transformou-se em uma pedra no sapato de Jair Bolsonaro — que, irritado com a atuação de Randolfe na comissão de inquérito, disse que o senador era especialista em "medicina intergaláctica", além de em um áudio divulgado pelo também senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) afirmar que "vou ter que sair na porrada com um bosta desse."

O presidente ainda debochou do tom de voz de Randolfe e costumava chamá-lo de "Harry Potter", por considerá-lo parecido com o personagem do cinema. Na corrida eleitoral, o senador coordenou a campanha de Lula.

Logo após o anúncio dos líderes, Randolfe já falou como líder no Congresso, ao mandar um recado para o União Brasil. Isso porque setores do partido não gostaram da atuação do senador Davi Alcolumbre (AP) e fizeram chegar a Lula que a legenda se manterá independente nas votações.

"Não quero acreditar que um partido que tem vários ministérios vá ficar independente. Estou confiante de que o União votará conosco", avisou.

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