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Ministra do Turismo fez campanha com miliciano condenado por homicídio

A ministra, em nota, minimizou sua eventual relação política com Jura, que foi contratado da prefeitura na gestão Waguinho

Correio Braziliense
postado em 04/01/2023 03:55
 (crédito: José Cruz/Agência Brasil)
(crédito: José Cruz/Agência Brasil)

Mulher de Juracy Alves Prudêncio, o Jura, condenado e preso por chefiar uma milícia na Baixada Fluminense há pelo menos quatro anos, a ex-vereadora Giane Prudêncio fez campanha eleitoral, em 2018 e 2022, para a deputada Daniela Carneiro, nomeada ministra do Turismo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A relação tem sido apontada como sinal de proximidade dela e do marido, o prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, o Waguinho (ambos do União Brasil), com o criminoso. O casal de políticos se ligou ao PT no ano passado. A ministra, em nota, minimizou sua eventual relação política com Jura, que foi contratado da prefeitura na gestão Waguinho.

Com 213.706 votos, Daniela Moté de Souza Carneiro também é conhecida como Daniela do Waguinho. Foi a deputada federal mais votada do Rio no ano passado. Na campanha eleitoral de 2022, apoiou, com Waguinho, a candidatura de Lula na Baixada Fluminense. O apoio do prefeito foi conquistado pelo PT depois de uma disputa com o presidente Jair Bolsonaro. Nas redes sociais, Giane aparece ao lado da nova ministra em atos da campanha para a Câmara dos Deputados.

Jura cumpre pena de 26 anos de prisão — atualmente, em regime semiaberto — pelos crimes de associação criminosa e homicídio. O miliciano chegou a ser nomeado na prefeitura de Belford Roxo para um cargo comissionado na Secretaria Municipal de Defesa Civil e Ordem Urbana, em agosto de 2017. No período, Waguinho já estava no comando do Executivo municipal.

O ex-sargento da PM foi autorizado pela Vara de Execuções Penais (VEP) a trabalhar, fora do presídio, como diretor do Departamento de Ordem Pública da prefeitura. Menos de um ano após a nomeação, a Justiça proibiu Jura de sair da cadeia para trabalhar e visitar a família. Havia suspeita de fraudes em suas folhas de ponto na Prefeitura de Belford Roxo.

De acordo com a juíza Beatriz de Oliveira Monteiro Marques, "quando logrou usufruir de saídas extramuros, o reeducando não demonstrou o senso de autodisciplina, responsabilidade e comprometimento indispensáveis à regular tramitação de sua execução, uma vez que não desempenhou com afinco a tarefa que lhe foi delegada".

Apoio

Por meio de nota, Daniela minimizou sua ligação com Jura, sem citá-lo: "A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, durante sua campanha, em 2018, recebeu apoio em diversos municípios. Ela ressalta que o apoio político não significa que compactue com qualquer apoiador que, porventura, tenha cometido algum ato ilícito. Daniela Carneiro salienta que compete à Justiça julgar quem comete possíveis crimes. Quanto às nomeações na Prefeitura de Belford Roxo, a ministra enfatiza que não tem nenhuma ingerência, pois o ato é de competência exclusiva do Poder Executivo".

Em nota, a defesa de Jura, representada por Luan Palmeira e Victor Martins, diz que o ex-policial militar "não nutre qualquer vínculo com atividades criminosas", que Giane é "política de grande estima" e que "jamais teve seu nome envolvido em qualquer ato de promiscuidade no desempenhar da vida pública". "A pretensa proximidade entre Juracy e Giane Jura com Daniela do Waguinho não possui o condão de arranhar a reputação da ministra do Turismo", disse.

Giane Prudêncio foi procurada, mas até o encerramento desta edição não deu resposta.

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