democracia sob ataque

Lula critica "aloprados" de atos golpistas e se aproxima de Tarcísio

Ao receber decreto de intervenção na segurança do DF, Lula afirma que não serão permitidos gestos de afronta à democracia

Ingrid Soares
Raphael Felice
postado em 12/01/2023 03:55
 (crédito:  Ricardo Stuckert/Presidência da República )
(crédito: Ricardo Stuckert/Presidência da República )

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, ontem, um grupo de parlamentares, no Palácio do Planalto, para a entrega simbólica do decreto que aprovou a intervenção na Secretaria de Segurança do Distrito Federal. Ele aproveitou para mandar um recado aos terroristas que vandalizaram, domingo passado, as sedes dos Três Poderes: farão jus ao devido processo legal, mas, se culpados, serão punidos na forma da lei.

"A gente tem que punir quem não quer respeitar a lei, quem não quer respeitar a ordem democrática, tão dificilmente alcançada por nós com a Constituição de 1988. Quero que saibam que qualquer gesto que contrarie a democracia brasileira será punido dentro daquilo que a lei permite punir. Todo mundo terá o direito de se defender, mas todo mundo será punido", garantiu.

Lula classificou de "aloprados" os criminosos que participaram do vandalismo na Praça dos Três Poderes. E criticou Jair Bolsonaro por não reconhecer que perdeu as eleições, ao citar um tuíte publicado pelo ex-presidente — e tirado do ar horas depois — com mentiras sobre as urnas eletrônicas.

"O presidente que deixou o poder no dia 31 não quer reconhecer a derrota. Só posso considerar um grupo de aloprados, um grupo de gente com pouco senso de ridículo. Entraram na Justiça, que disse qual foi o resultado eleitoral, indeferiu o processo deles e ainda condenou o partido a pagar uma multa grandiosa do fundo partidário. Tem gente que quando conta a primeira mentira, não consegue parar, porque é preciso justificar a primeira mentira para o resto da vida. É o que está acontecendo neste país", lamentou, apontando, ainda, que a derrubada de torres de energia de Itaipu "foi um ato de bandido, porque os cabos de aço foram serrados".

Acefalia

O presidente em exercício do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), entregaram a Lula o decreto de intervenção federal, aprovado nas duas Casas nesta semana. Segundo o senador, a intervenção se justifica por estar constatada "a acefalia completa do órgãos de seguranças para conter os atos que terminaram consumado-se em desfavor do povo brasileiro".

Lira ressaltou a rápida ação do Executivo por assinar "imediatamente" o decreto, que classificou como "necessário". "O ato cumpre o rito democrático, legal e constitucional de efetivação dessas ações que, por certo, terão rumo daqui para frente com muito diálogo e firmeza em defesa da nossa Constituição".

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), salientou que o ato de entrega do decreto simbólico representava "a manifestação inequívoca do Congresso pelos presidentes de suas casas e pelos líderes partidários de que o terror não terá espaço neste país".

Tarcísio dá novo passo para aproximação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, ontem, com o governador de São Paulo, Tarcisio Gomes Freitas (Republicanos). Embora o ex-ministro da Infraestrutura do ex-presidente Jair Bolsonaro tenha ido tratar, sobretudo, da privatização do Porto de Santos, aos olhos de interlocutores tratou-se de mais um passo na aproximação entre o presidente e o governador — que na reunião da última segunda-feira, 24 horas depois do vandalismo bolsonarista contra a sede dos Três Poderes, falou em nome da Região Sudeste e reafirmou o compromisso com o Estado Democrático de Direito.

"Conversei com o governador de São Paulo, Tarcísio. Na campanha, falei que respeitaria e trabalharia com todos os governadores, pelo bem do Brasil. É o que estamos fazendo", publicou o presidente, em uma de suas redes sociais.

Sem dogmas

Além do Porto de Santos, Tarcísio tratou com Lula da construção de um túnel entre Santos e o Guarujá e também da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo). Depois do encontro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que "não há dogmas" sobre a privatização do porto — que afirmou a disposição do governo federal de fazer a melhor modelagem possível para os portos e analisar cada caso.

"O que ele disse é o que nós estamos dizendo: não tem dogmas. Nós vamos para cada projeto, para cada situação, desenhar a melhor modelagem possível, é isso que vamos fazer juntos. Chega de dogmas, posições presas. Lula quer investimento. E nós vamos buscar o melhor modelo para cada investimento", assegurou Costa.

O ministro da Casa Civil disse que o objetivo do governo é modernizar os portos, melhorar o comércio internacional e reduzir custos de transporte e de logística. Com isso, segundo ele, o país se tornará mais competitivo.

"A melhor modelagem de atrair investimentos privados. O termo, se é privatização, se é concessão, se é PPP, nós vamos identificar para cada projeto. O que interessa é atrair investimento público e privado para a infraestrutura do país. Não queremos ficar presos a um só modelo", declarou Costa.

As observações do ministro foram endossadas pelo próprio Tarcísio. Segundo o governador, Lula não fechou as portas sobre o projeto de privatização do Porto de Santos, que foi desenhado durante sua gestão como ministro de Bolsonaro.

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