Universidades

Lula minimiza dívida no Fies e diz que país só tem tolerância com caloteiros ricos

Presidente Lula destacou ainda a desigualdade no país: "Uns podem tudo e uma grande maioria não pode nada. Uns conseguem juntar bilhões e os outros não conseguem tostões. É esse país que temos de mudar"

Ingrid Soares
postado em 19/01/2023 17:43 / atualizado em 19/01/2023 17:45
 (crédito:  DOUGLAS MAGNO/AFP)
(crédito: DOUGLAS MAGNO/AFP)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou a dívida do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e afirmou que o país só tem tolerância com caloteiros ricos. A declaração ocorreu nesta quinta-feira (19/1) durante reunião com 106 reitores e vice-reitores de universidades e institutos federais no Palácio do Planalto.

“Não adianta me dizer que o Fies está custando R$5 bilhões, já tinha uma dívida de R$ 5 bilhões. Não tem problema. Porque no Fies, não sei se lembram, os estudantes não pagavam durante todo o período que estavam estudando. ‘Ah, mas vai dar o cano e não vai pagar’. É muito pouco a gente achar que o estudante não vai pagar, ele nem teve chance de provar se vai pagar ou não, ele nem arrumou emprego. Mas se o país tem tanta tolerância com os ricos que devem nesse país, por que a gente não tem a compreensão de que um jovem que se formou pode pagar sua dívida?", questionou.

"O Brasil tem milhões de pessoas que dão cano na Previdência Social, que não pagam impostos, e essa gente deve quase R$ 2 trilhões. E eu vou me incomodar com uma dívida do estudante? Em que foi emprestado R$ 10 mil, R$ 12 mil para estudar, para se formar? Eu tenho certeza que na hora que esse jovem arrumar emprego vai cumprir com o compromisso de pagar sua dívida. Fazer isso não é só ter fé, é ter crença, dar credibilidade a juventude desse país”, completou, afirmando ainda que a intenção do governo é “não apenas aumentar a quantidade, mas aumentar a qualidade” do Fies. “Precisamos melhorar tudo que fizemos e se possível, fazer mais.”

O chefe do Executivo ainda se disse satisfeito por poder fazer mudanças na área. “Estou alegre de mexer com a única coisa que pode salvar esse país, com a única coisa que pode fazer esse país deixar de ser um país em eterno desenvolvimento para se transformar num país desenvolvido. Para que isso aconteça, precisamos investir mais em universidade, em escola profissional e ensino fundamental, e precisamos também orientar quais os cursos mais importantes e que o país mais precisa. A gente não pode só formar médicos. A gente não pode só formar médicos quando a gente precisa de enfermeiros. Temos uma série de áreas em que nós não temos gente”, pontuou.

“Não tenho nada contra, mas o Brasil não pode ser o país do mundo com mais universidades para formar advogados. Precisamos formar outras pessoas, precisamos investir mais em engenharia, em coisas que possam trazer mais desenvolvimento”, reforçou.

"É tudo desigual"

Lula destacou ainda a desigualdade no país. “O Brasil é o país da desigualdade, é desigualdade no salário, de raça, no trabalho, de gênero, desigualdade na educação. É tudo desigual. Uns podem tudo e uma grande maioria não pode nada. Uns conseguem juntar bilhões e os outros não conseguem tostões. É esse país que temos de mudar”, destacou.

Por fim, pediu aos reitores presentes que as universidades se preocupem “não apenas com os problemas da sala de aula, mas com os problemas que estão acontecendo também fora da porta da universidade”.

Participaram do encontro os ministros Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macedo (Secretaria-geral da Presidência), Camilo Santana (Educação) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação).

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