CARTÃO DA PRESIDÊNCIA

Cartão corporativo de Bolsonaro: motociatas custavam, em média, R$ 100 mil

De acordo com levantamento, Bolsonaro era acompanhado de aproximadamente 300 militares em cada evento; lanches pagos com o cartão explicam gastos repetidos

Estado de Minas
postado em 23/01/2023 09:36
 (crédito: Marcos Correa/PR)
(crédito: Marcos Correa/PR)

As motociatas promovidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) custavam, em média, R$ 100 mil por passeio. Realizadas durante todo o seu mandato, os eventos foram custeados com o cartão corporativo da Presidência da República. O levantamento foi feito pelos repórteres Katia Brembatti e Vinícius Valfré, do jornal O Estado de S. Paulo. Eles tiveram acesso a algumas notas fiscais que descrevem os gastos com o cartão do ex-presidente.

Bolsonaro, eleito com o discurso de um homem simples e que chegou a afirmar que não usava o cartão corporativo, fazia dos eventos de motociatas uma promoção da sua imagem e uma forma de fortalecer a sua base de aliados. De acordo com o levantamento, os dados apontam despesas significativas em hospedagens para cerca de 30 servidores públicos que o acompanhavam de Brasília até a cidade onde ocorreria a motociata, como também a alimentação de aproximadamente 300 militares.

De acordo com o Estadão, o levantamento foi feito através de 2 mil documentos classificados como 'reservados', anexados na prestação de contas do cartão. Os documentos foram analisados em conjunto com a agência Fiquem Sabendo, que é especializada na Lei de Acesso à Informação e responsável por ter divulgado os gastos do cartão corporativo no último dia 12.

Gastos no cartão

Em maio de 2021, em um dos passeios no Rio de Janeiro, Bolsonaro gastou R$ 116 mil em suporte local de policiais militares, tropa de choque, socorristas e agentes do Exército.

Em outras viagens, mais de 200 integrantes das Forças Armadas chegaram a ser empregados. Entre os funcionários estavam pilotos, motoristas, seguranças e integrantes do evento.

Valores repetidos

Com as notas fiscais foi possível identificar os gastos repetidos listados na divulgação dos valores consumidos no cartão. Bolsonaro, por exemplo, adquiriu 300 lanches de R$ 30 cada, o que equivale a R$ 9 mil.

De acordo com as notas fiscais, os lanches eram um ou dois sanduíches de presunto e queijo, uma bebida, como suco ou refrigerante e uma fruta. Como os funcionários chegavam a fazer mais de 9 horas de trabalho por dia, eram alimentados três vezes: café, almoço e janta.

Ainda segundo as notas, os estabelecimentos que mais aparecem são as padarias Tony e Thays, em São Paulo, com 102 compras ao todo de R$ 126 mil. Já no Rio, Santa Marta, com 24 compras que ao todo somam R$ 364 mil.

Hospedagens

Conforme o levantamento, as diárias eram baixas, entre R$ 100 e R$ 250, mas devido a quantidade de pessoas e o tempo de estadia, os custos chegavam a um valor expressivo.

Na maior parte das vezes, o ex-presidente não pernoitava nas cidades, com exceção dos períodos de férias e lazer.

De acordo com os dados analisados, em fevereiro de 2021, Bolsonaro gastou, em quatro dias, R$ 9 mil em hospedagens em São Francisco do Sul (SC). Na ocasião, ele estava acompanhado de assessores e familiares no Forte Marechal Luz, pertencente às Forças Armadas. Durante a viagem, as compras de supermercados chegaram a R$ 48 mil.

Segundo o Estadão, nas despesas do cartão corporativo não constam os gastos de combustível das aeronaves, custeados pela Força Área Brasileira (FAB). Já o que era servido durante os trajetos, como a alimentação a bordo do avião, ficavam na faixa de R$ 4 mil por viagem.

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