Caso Do Val

Do Val diz ter mostrado à PF mensagens e ligações trocadas com Silveira

O senador afirmou à imprensa, na saída de seu depoimento à PF, que contatou Moraes antes de comparecer à reunião com Bolsonaro e Daniel Silveira

Taísa Medeiros
postado em 03/02/2023 00:31 / atualizado em 03/02/2023 00:32
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Após depoimento de cerca de 3h30 de duração na sede da Polícia Federal, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) deixou o local às 21h03. Na saída, o parlamentar afirmou à imprensa que apresentou aos agentes todas as informações contidas no celular, incluindo ligações e mensagens de texto recebidas do então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). O senador foi ouvido como testemunha no inquérito que investiga os atos terroristas do dia 8 de janeiro.

“Dei acesso às conversas dentro do WhatsApp porque pra mim quanto mais transparente, melhor, né? Dali foi feito um detalhe do histórico, da aproximação, como é que o ex- deputado federal Daniel (Silveira) me contactou, que foi lá pelo Senado, qual foi a fala dele, se a fala dele, se realmente dava a entender alguma coisa no sentido de aplicar algum golpe de estado”, contou.

Em seu depoimento, o senador disse que “foi um excesso” ter afirmado na live, durante a madrugada desta quinta-feira (2/2), que foi coagido a participar de um golpe de estado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Do Val disse ter recebido enxurrada de mensagens de bolsonaristas que o chamavam de ‘traidor’. “Você chega num nível de irritabilidade gigantesca. Foi um desabafo”, disse.

Do Val comentou, ainda, que procurou no dia seguinte o ministro Alexandre de Moraes com o intuito de “se blindar”, uma vez que é o magistrado quem conduz os inquéritos de Silveira. “Eu fiz contato com o ministro que prontamente me recebeu e perguntei a ele o que que ele achava, se eu deveria ir nessa reunião ou não e aí ele disse: vai, é importante, informações são sempre importantes”, relatou. Segundo o senador, estavam na reunião apenas ele, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Silveira.

Conforme do Val, a ideia partiu de Silveira, porém o ex-presidente Bolsonaro acompanhou em silêncio toda a reunião, que teve duração de cerca de 40 minutos. O intuito era que Do Val gravasse, com equipamentos de escuta que seriam fornecidos pelo ex-deputado, falas comprometedoras de Moraes sobre supostas intervenções nas eleições de outubro.

Sobre o silêncio de Bolsonaro na reunião, Do Val disse que não causa estranhamento. “Quando se está em reunião com um grupo de inteligência, é normal maneirar no que se fala, porque um acha que o outro está gravando”, explicou.

A respeito da prisão de Silveira, também nesta quinta-feira, Do Val disse que está “no lugar que deveria estar”. “Daniel que estava provocando essa situação, eu acho que hoje ele está no lugar que ele deveria estar e não deve sair de lá”.

Entenda o caso

Após receber a proposta de Silveira, Do Val disse ter pedido dois dias para retornar com uma respostas, e que imediatamente denunciou às autoridades competentes o caso. Em seguida, do Val anunciou, por meio das redes sociais, que iria renunciar definitivamente ao cargo de Senador. Mais tarde, o parlamentar voltou atrás e disse que irá manter o cargo. “Iria prejudicar muita gente”, afirmou.

O senador foi convocado a depor pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido foi feito pela PF e acatado pelo magistrado. O depoimento faz parte do inquérito que investiga as depredações ocorridas em 8 de janeiro.

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