Governo

Tebet diz que tem coragem para debate interno dentro do governo

A ministra do Planejamento é enfática ao dizer que não lhe falta coragem para o debate interno dentro do governo. E faz ainda um relato do período de campanha, em que decidiu apoiar Lula, "um democrata", quando se formou uma ampla aliança pela democracia

Denise Rothenburg Enviada especialVicente Nunes Correspondente
postado em 05/02/2023 03:55
 (crédito:  Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Lisboa — Considerada uma das apostas do MDB para 2026, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, continua no páreo, mesmo como parte da equipe do presidente Lula. Pelo menos, essa é a conclusão de muitos empresários que ouviram o discurso dela e as respostas de perguntas da seleta plateia do Lide Brazil Conference, em Portugal. Ela disse estar preparada para enfrentar os ataques do "fogo amigo" do governo e assegurou que esse movimento em nada a intimida, mesmo convivendo com colegas que têm ambições políticas para o próximo pleito. Ao responder perguntas de empresários, ela foi direta: "Sou cumpridora de missão. As vezes que mais ganhei na vida foi quando perdi. Não haverá 2026 se não fizemos o dever de casa em 2023".

Tebet foi enfática ao dizer que não lhe falta coragem para o debate interno dentro do governo. "Meu ministério não é fácil. É o ministério que diz não", afirmou, referindo-se aos cortes no Orçamento que virão pela frente. "O presidente Lula diz que o foco de todos nós, independentemente de esquerda ou de direita, é o crescimento econômico. Isso passa pela rigidez fiscal. Serei austera em relação a isso. Vou receber alguns cartões amarelos, se perceber que vou receber vermelho, vou chegar com jeitinho para o presidente e esclarecer a questão", ressaltou. Ela acrescentou que, "para grande surpresa", tem no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um "grande parceiro".

A analogia dos cartões do futebol saiu na sequência de uma pergunta do chairman do Lide, Luiz Fenando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento no primeiro governo de Lula. Ele contou que, à sua época, diante da disputa interna de ministros, ouviu do presidente da República que haveria cartões amarelos em caso de "caneladas" na equipe, mas que não se preocupasse com cartão vermelho. Simone Tebet disse que também não tem essa preocupação e que a equipe econômica — ela, Haddad, Geraldo Alckmin e Esther Dweck — está unida.

A ministra foi enfática ao dizer que o país só voltará a crescer quando fizer o "dever de casa". E, na visão dela, são três os desafios: reforma tributária, arcabouço fiscal, "tarefa do ministro Haddad", e um ambiente seguro para o investidor, dentro do PPI, o programa de parceria público privada de investimentos. "O governo federal tem o recurso limitado, não vamos crescer sem parceria com a iniciativa privada. Vamos garantir um ambiente seguro de negócios. O investidor quer ter a garantia de que vai investir, ter retorno e gerir, sem sobressaltos", afirmou.

Tebet anunciou que apresentará ainda este ano um Plano Plurianual de investimentos, o PPA, que, nos últimos anos, foi praticamente deixando de lado. "O Brasil precisa voltar a crescer e ser competitivo. E não faremos isso sozinhos", disse a ministra, referindo-se à necessidade de reativar o Mercosul e o acordo com a Comunidade Europeia.

Inspirada em Fernando Pessoa e Ulysses Guimarães, a ministra fez uma retrospectiva do governo Jair Bolsonaro: "O Brasil passou os últimos anos numa tormenta econômica, social política institucional, sanitária com um timoneiro que não tinha uma carta náutica, que não sabia ou não quis levar o Brasil a um porto seguro", disse, referindo-se a um governo de "fake news, discursos de ódio, negacionismo de todas as espécies, negando inclusive vacinas".

Prioridade

O resultado da falta de rumo do governo federal, disse Tebet, foi um grande contingente de brasileiros vivendo com algum tipo de insegurança alimentar e 33 milhões na mais absoluta pobreza. O processo eleitoral, segundo a ministra, resultou na eleição de "um democrata", e o país vive na "mais absoluta e plena democracia. "Poucas vezes tivemos a grata satisfação de ver as imagens do dia 1º de janeiro, multidão nas ruas proclamando a alegria, a vitória do livro sobre as armas". Depois, lembrou Simone, veio a "barbárie de 8 de janeiro", quando "um grupo muito pequeno" depredou patrimônio público.

Ela lembrou também que, apesar da tentativa de golpe, "a democracia venceu" e fez questão de homenagear o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, "que com o rigor da lei, com o devido processo legal e com base na Constituição tem sido rigoroso na tramitação do processo e na punição desses que são golpistas. Ainda neste mês, a Câmara e o Senado elegeram dois presidentes democratas. Com isso, a aliança das eleições, a ampla força se fortaleceu ainda mais depois dos episódios de 8 de janeiro. Estamos juntos para garantir a união do Brasil que queremos".

A ministra revelou ainda que pensou duas vezes antes de aceitar o Ministério do Planejamento, diante e divergências na visão econômica, "mas o que os une é infinitamente maior do eu aquilo que nos separa. Temos divergência, mas não temos antagonismo e isso faz toda a diferença", afirmou. Ela resolveu aceitar quanto se convenceu de que planejamento será prioridade, e a tarefa agora é colocar a criança, o jovem e o idoso no orçamento. A ordem será monitorar políticas públicas, para, diante da responsabilidade fiscal cumprir as metas sociais do governo. Ela espera, junto com Haddad e Geraldo Alckmin, cumprir a missão. "Entramos com espírito coletivo para aprovar a reforma tributária, uma nova âncora fiscal e apresentar um PPA."

Os empresários saíram com a impressão de que 2026 é um futuro distante que só virá se essa missão for cumprida.

 

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