Agenda internacional

Lula embarca para a China com delegação recorde, segundo Itamaraty

De acordo com Ministério das Relações Exteriores, há, por enquanto, 20 acordos fechados para serem assinados entre os dois países. Comitiva que acompanhará o presidente Lula já tem 240 empresários confirmados

Rosana Hessel
postado em 17/03/2023 17:30 / atualizado em 17/03/2023 22:07
 (crédito: Reprodução/Instagram/Ricardo Stuckert )
(crédito: Reprodução/Instagram/Ricardo Stuckert )

Em meio à rivalidade entre Estados Unidos e China, país apoiador do presidente russo Vladimir Putin — que teve a prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda, nesta sexta-feira (17/3) —, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizará visita de Estado à China, entre 26 a 31 deste mês, com toda a pompa e circunstância e uma delegação recorde. A viagem foi, inclusive, ampliada em dois dias, pois, inicialmente, ocorreria entre 27 e 30 de março.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, por enquanto há 240 empresários brasileiros confirmados e a expectativa de, pelo menos, 20 acordos assinados em várias áreas, como agricultura, educação, cultura, ciência e tecnologia e finanças, mas esses números devem aumentar.

“Temos acordos fechados para a assinatura, mas esse número deverá aumentar ao longo dos próximos dias”, afirmou o embaixador Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do MRE, em briefing aos jornalistas sobre a viagem presidencial às cidades chinesas Pequim e Xangai. Ele não confirmou, porém, se haverá o anúncio da retomada das importações chinesas de carne bovina, que foram suspensas em fevereiro. A notícia vem sendo bastante aguardada pelos donos de frigoríficos.

A viagem presidencial será a terceira visita de Estado de Lula ao país asiático. As anteriores ocorreram em 2004 e 2009. Será também a primeira viagem internacional do chefe do Executivo brasileiro fora do Hemisfério Ocidental. “Uma visita de Estado é o formato mais prestigioso de um encontro bilateral, no mais alto nível da diplomacia”, ressaltou Saboia. Entre os acordos que devem ser assinados na China, ele citou o de construção de um novo satélite China-Brasil Earth Resource Satellite (CBERS-6), “que terá tecnologia que permite monitorar as florestas mesmo com nuvens”.

Ao ser questionado pelo Correio em relação a uma possível saia justa na diplomacia para Lula por conta dos atritos de Estados Unidos e China e a condenação de Putin, o embaixador minimizou o problema e considerou essas viagens “naturais”. “Acho que não cria uma saia justa para a diplomacia. O presidente Lula visitou os Estados Unidos, está visitando a China e visitará outros países. E, nas próximas semanas, eu ouvi que, nas próximas semanas, talvez o presidente da França, Emmanuel Macron, e outros presidentes visitarão a China. Então, é natural. As pessoas visitam China, visitam Estados Unidos, visitam Brasil, enfim. Visitas e contatos entre líderes ajudam a melhorar as coisas”, afirmou.

Agenda na China

Em uma visita de Estado, o presidente tem encontros com representantes dos Três Poderes. Na China, estão previstas reuniões de Lula com o presidente chinês, Xi Jinping, que também assumiu, neste ano, o terceiro mandato. Lula também terá encontros com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, e o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji.

Nessas reuniões, serão tratados temas da ampla pauta bilateral, incluindo comércio, investimentos, reindustrialização, transição energética, mudança climática e paz e segurança mundial, segundo o Itamaraty. A visita oficial aos chefes do governo chinês está prevista para ocorrer dia 28 e, no dia seguinte, haverá um seminário com 400 a 500 empresários brasileiros e chineses em Pequim, do qual Lula participará.

Em Xangai, Lula visitará a sede do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos Brics, que passará a ser presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A expectativa é de que Dilma, inclusive, viaje com o presidente Lula no avião presidencial e, depois, fique no país asiático comandando o Banco dos Brics.

Ainda de acordo com o embaixador, a relação entre Brasil e China é muito boa e rica e os principais temas que devem ser tratados envolvem desenvolvimento industrial e tecnológico e mudanças climáticas. Na avaliação do diplomata, o momento atual é “muito bom” para a conversa entre Lula e o presidente chinês Xi Jinping. Ele reconheceu que devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia, os dois líderes podem dar um recado sobre seus respectivos posicionamentos para o mundo. “Todos esses elementos criam uma massa crítica para uma boa conversa entre os dois presidentes. Essa será uma visita em um momento muito bom para esse diálogo”, ressaltou.

Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil e uma das principais origens de investimentos em território brasileiro. Em 2022, a corrente de comércio entre os dois países atingiu recorde de US$ 150 bilhões, com alta de 10,8% em relação ao ano anterior, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

As exportações somaram US$ 89,4 bilhões, dado 1,7% acima do registrado em 2021. Já as importações cresceram 27,5% na mesma base de comparação, somando US$ 60,7 bilhões. Há 30 anos, os dois países estabeleceram uma parceria estratégica, e, em 2012, essa parceria passou a ser estratégica global. No próximo ano, ambos vão comemorar 50 anos do estabelecimento de relações diplomáticas, lembrou Saboia.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.

Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para contato. Clique aqui e mande o e-mail.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE