Jornal Correio Braziliense

Questão agrária

Ministério dos Povos Indígenas prorroga gabinete de crise Pataxó

Sônia Guajajara instituiu grupo em janeiro, após os jovens da etnia, Samuel Cristiano do Amor Divino, de 25 anos, e Nawir Brito de Jesus, 17, serem assassinados a tiros

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) anunciou, na última quarta-feira (29/3), a prorrogação do Gabinete de Crise do Povo Pataxó, que foi criado após o assassinato de dois jovens da etnia no sul da Bahia. Serão 45 dias a mais para concluir os trabalhos de acompanhamento do caso e a garantia de segurança dos povos na região.

“O MPI segue em constante alinhamento e articulação às lideranças indígenas locais e também planeja o envio de uma comitiva ministerial ao território Pataxó, com a presença da ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara, e também para o cumprimento de uma agenda conjunta com o Governo da Bahia, para dialogar sobre soluções aos conflitos que assolam o Extremo Sul da Bahia”, afirmou a pasta.

Com o assassinato a tiros de Samuel Cristiano do Amor Divino, de 25 anos, e Nawir Brito de Jesus, 17 anos, o MPI pediu o envio da Força Nacional ao local, visando amenizar o conflito com fazendeiros na Terra Indígena (TI) Barra Velha. Segundo o ministério, há um trabalho junto a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para a assinatura de uma portaria declaratória da terra indígena.

A região foi demarcada no município de Barra Velha em 1980 e conta com mais de 8 mil hectares. No entanto, grande parte do território de ocupação tradicional Pataxó ficou de fora. Em 2009, a Funai publicou um novo relatório identificando a área. A revisão levou o local a ser rebatizado de TI Barra Velha do Monte Pascoal e os limites do território, que passou a ter 52.748 hectares, incluem a demarcação anterior.

A TI sofre com diversos conflitos e, em 2013, um grupo de fazendeiros e o Sindicato Rural de Porto Seguro tentaram anular a demarcação na Justiça. Seis anos depois, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), após a Corte barrar o andamento do processo administrativo do território Pataxó, derrubou a liminar e reconheceu a legitimidade da demarcação.