LITERATURA

Após Conde de Bolsonaro, autor cria Baronesa Van Hattem: 'Odeia bastante'

No livro 'O crime do bom nazista', escritor gaúcho Samir Machado de Machado usa sobrenome de deputado federal para batizar personagem

Estado de Minas
postado em 21/04/2023 16:06
 (crédito:  Reprodução/Youtube)
(crédito: Reprodução/Youtube)

Primeiro, foi o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Agora, é a vez de o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo) servir de inspiração para um personagem do escritor gaúcho Samir Machado de Machado, que está lançando o livro "O crime do bom nazista". A trama policial é ambientada em um dirigível vindo da Alemanha do Terceiro Reich, e conta com a presença da Baronesa Van Hattem na lista de passageiros.

"Eu precisava de nomes alemães, e 'Hattem' me lembra hate, 'ódio' em inglês. E, bem... a baronesa Van Hattem odeia bastante gente no livro. Não acompanho a carreira do político em questão, ele não me parece muito relevante no momento, para além do anedótico", detalhou Machado, em entrevista ao Estado de Minas.

Outros fatos ocorridos nos últimos anos no Brasil, inclusive, também surgem na trama, como "um governo que pretendia fundir seu partido à identidade nacional", "a arte precisa ser heroica, imperativa, vinculada às aspirações do povo, ou então não será nada" e "empresários generosos nas doações de campanha para o Führer". Para Machado, é evidente a semelhança entre o nazismo e o bolsonarismo. "Ambos são movimentos políticos baseados no discurso de ódio e violência, cuja solução para tudo sempre parte da eliminação física do que consideram indesejável à sociedade, e não faltam pesquisadores sobre o holocausto que apontem isso. E também não é como se o próprio bolsonarismo não tivesse passado os últimos quatro anos se associando ao nazismo, por vezes de modo explícito", afirmou.

Já no livro "Homens elegantes", de 2016, foi o Conde de Bolsonaro que deu as caras nas páginas do escritor. "Escrevi 'Homens elegantes' entre 2013 e 2015, e como o protagonista era gay, precisava de um antagonista cujo nome remetesse imediatamente à homofobia, preconceito e ódio, posição que Bolsonaro parecia se alegrar em ocupar. Ele era apenas o ponto mais visível de discursos homofóbicos que vinham sendo normalizados, inclusive na imprensa - basta lembrar a infame coluna de J. R. Guzzo comparando homossexuais a cabras, publicada na revista 'Veja'", disse Machado.

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