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Agora ex-ministro, Gonçalves Dias já teve episódio de insubordinação com Dilma

Há mais de 10 anos — ainda na carreira de militar — GDias teve a própria imagem associada a PMs insubordinados em greve na Bahia

Henrique Lessa
postado em 21/04/2023 22:44 / atualizado em 21/04/2023 22:44
 (crédito:  RICARDO STUCKERT)
(crédito: RICARDO STUCKERT)

O general Gonçalves Dias, conhecido como GDias, amigo de 20 anos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é apontado como homem de personalidade discreta e tranquila, além de extremamente leal ao presidente. Contudo, há mais de 10 anos — ainda na carreira de militar —, GDias teve a  própria imagem associada a PMs insubordinados em greve na Bahia. Hoje, um incidente semelhante deve encerrar de vez a presença da “sombra de Lula” no Planalto.

O homem de confiança do presidente enfrenta mais uma vez uma crise que o levou a deixar o posto de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Imagens obtidas pela emissora CNN, mostram militares insubordinados do GSI confraternizando com golpistas e com o general dentro do Palácio do Planalto durante os ataques de 8 de janeiro, a falta de simpatia da primeira-dama Janja da Silva, que não teria convidado Dias, mesmo sendo amigo de Lula, para o casamento dos dois, e a desconfiança que setores petistas com o general, tornaram insustentável sua permanência como ministro.

A relação de amizade do general com o presidente teve início ainda no primeiro mandato de Lula. GDias, que era coronel, chefiou a Secretaria de Segurança Pessoal do presidente. A escolha aconteceu por indicação do general Oswaldo Muniz Oliva, pai do petista Aloizio Mercadante, e principal fiador de Lula com a caserna nos seus dois primeiros mandatos. Fiel ao presidente, como garantiu Oliva, Dias se tornou amigo de Lula ao longo dos 8 anos do petista à frente do Planalto, mas só alcançou o generalato no governo da sucessora Dilma Rousseff.

Sem a mesma confiança de Rousseff, o general deixou o Planalto e foi para o comando da 6ª Região do Exército Brasileiro, na Bahia. E foi no estado governado pelo petista Jaques Wagner que, em 2012, a presidente decretou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em decorrência da greve da Polícia Militar (PM) do estado.

A GLO teve o comando do general GDias, que precisou comandar um cerco à Assembleia Legislativa da Bahia, onde policiais grevistas e familiares se amotinaram. No cerco, o general, que aniversariava, foi saudado por parentes dos PMs que levaram um bolo e cantaram parabéns ao general, que se emocionou e chorou.

"Não vamos entrar em confronto, por favor, no meu aniversário não. Vocês sabem que até agora nós trabalhamos muito bem. Vocês foram atendidos, pelo que eu sei, em bastantes reivindicações. P***a, é meu aniversário, cara!", disse Gonçalves Dias abraçando um dos manifestantes.

Na sequência, uma nota do comando da 6ª Região de Dias afirmou que todos eram “irmãos de farda, militares brasileiros, cidadãos lutando por nossos direitos" e que a ação do general evitou um confronto violento com os amotinados.

Pessoas próximas à presidente Dilma apontaram que, à época, ela teria ficado muito incomodada com o incidente, que foi apontado como a gota d’água para, logo depois, o general ter perdido o comando da 6º Região e seguido para a aposentadoria, sem conseguir a quarta estrela, máxima gradação dos generais no Exército.

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