Yale

Em Yale, Anielle Franco relata aumento da violência política a partir de 2018

Ministra discursou em Yale e reforçou cuidados para proteger os direitos políticos das mulheres

Mariana Albuquerque*
postado em 05/05/2023 18:47
 05/01/2023 Crédito: Ed Alves/CB. Politica.  Simone Tebet toma posse no Ministerio do Planejamento e Orçamento. Na cerimonia estava presente o vice-presidente Geraldo Alckmin, o Ex Presidente Jose Sarney, Rui Costa Minstro da Casa Civil, Fernando Haddad Minsitro da Fazenda. Na foto a Ministra da Igualdade Racial Anielle Franco.  -  (crédito:  Ed Alves/CB)
05/01/2023 Crédito: Ed Alves/CB. Politica. Simone Tebet toma posse no Ministerio do Planejamento e Orçamento. Na cerimonia estava presente o vice-presidente Geraldo Alckmin, o Ex Presidente Jose Sarney, Rui Costa Minstro da Casa Civil, Fernando Haddad Minsitro da Fazenda. Na foto a Ministra da Igualdade Racial Anielle Franco. - (crédito: Ed Alves/CB)

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, discursou de modo virtual, nesta sexta-feira (5/5), em evento na Universidade de Yale, sobre a violência política contra mulheres no Brasil. Durante o debate, a ministra defendeu que o problema é mundial, mas que cresceu muito no país desde 2018 e, principalmente, durante o pleito de 2020, com o ambiente virtual se tornando um dos principais locais destes ataques, principalmente contra mulheres negras.

“Quando falamos sobre esse tema, na minha opinião, é impossível não abordar que isso é um fenômeno mundial, sentimos isso muito na pele no Brasil, especialmente desde 2018. A violência de gênero e de raça atinge muitas mulheres que hoje estão buscando espaço ou até aquelas que já estão em espaço de decisão”, disse Anielle.

Durante o Gender & Policy Forum, evento realizado pela Universidade de Yale para discutir desafios e possíveis soluções para combater a violência de gênero na América Latina e Caribe, a ministra lembrou que irmã, Marielle Franco, tornou-se símbolo extremo da violência política no Brasil. Ela atestou que o problema é mais recorrente com mulheres negras e que não basta elegê-las e deixá-las sozinhas, para que elas mesmas possam se proteger, é preciso protegê-las.

“Acontece em especial com mulheres negras, que são cotidianamente as mais atacadas e perseguidas, não somente porque se colocam como um corpo atuante no sistema político como um todo, que é majoritariamente composto por homens brancos, cis e héteros, que ignoram a existência de mulheres negras nestes locais. Temos que colaborar para que outras mulheres negras não sejam assassinadas, como foi Marielle, ou não tenham que sair de suas casas por conta de violência política”, comentou a responsável pela pasta de Igualdade Racial.

Em pesquisa de 2021 divulgada pelo Instituto Marielle Franco e reforçado nesta sexta (5/5) por Anielle, foi constatado que quase 100% das candidatas ao pleito eleitoral de 2020 sofreram mais de um tipo de violência. Entre estas, 60% foram ofendidas, insultadas ou humilhadas por participar das atividades políticas nas eleições.

A principal violência apontada na pesquisa foi a virtual, o que poderia ser explicado pela pandemia, já que as campanhas também foram feitas pelo meio online. Conforme o estudo, 8 a cada 10 mulheres sofreram violência política virtual, 62% destes casos foi através de violência imoral ou psicológica e 50% foram vítimas de violências praticadas por órgãos públicos, instituições, ou agentes públicos e privados.

“Quando falamos de pessoas públicas, falamos de quem estavam concorrendo em grande maioria em partidos opostos e insultavam essas mulheres para fazê-las desistir. A violência política se torna uma ferramenta eficaz de intimidação, utilizada para interditar corpos e impedir o debate sobre temas que por muitos anos não estiveram presentes em defesa dos interesses de uma maioria hegemônica nos postos de poder”, acrescentou a ministra.

Anielle também disse participar de iniciativas para proteger os direitos políticos das mulheres, já que a violência sofrida por elas ocorre antes, durante e depois do período eleitoral e se configura até mesmo como uma violação aos direitos humanos. Para a ministra, o fato só cessará a partir de uma ação governamental em resposta a esses fenômenos, com leis e políticas públicas concretas para proteger essas mulheres.

*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori

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