Congresso

Padilha sobre derrotas do governo no Congresso: "Só não pode perder na final'

Durante a semana, Lula amargou dois revezes no Congresso: a derrubada de trechos de dois decretos no Marco Legal do Saneamento Básico e a retirada de pauta do PL das Fake News

Ingrid Soares
postado em 05/05/2023 20:44 / atualizado em 05/05/2023 20:44
 (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Cobrado publicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a melhorar a articulação política com o Congresso Nacional por conta de reveses seguidos na Casa, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, alegou nesta sexta-feira (5/5) estar 'acostumado' com cobranças e comparou o jogo político a um 'campeonato'.

“Campeonato é assim: você ganha, você empata, você perde, só não pode perder na final. Nós estamos preparados. Nosso time está preparado para ir até a final e ganhar”, disse em coletiva a jornalistas após participar de um evento no Rio de Janeiro. O ministro reconheceu que a semana foi de “recado” do Congresso.

“Lula cobra todo dia, desde o dia 1º de janeiro. E eu tenho a experiência de ter sido ministro da coordenação política dele em seus primeiros governos e sei o quanto ele é uma pessoa que cobra diariamente isso. Estou acostumado a essa cobrança diária, o jeito que ele fala e a ação sobre isso. Acho que essa foi uma semana onde o governo teve vitórias e teve recado do Congresso”.

Insatisfeitos ao buscar diálogo com o Palácio do Planalto para costurar acordos sobre as alterações feitas no Marco Legal do Saneamento Básico, a Câmara aprovou na última quarta-feira (3), em uma ‘votação surpresa’, por 295 votos a favor e 136 contra, a derrubada de trechos de dois decretos do chefe do Executivo que alteraram a regulamentação do novo marco, aprovado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Sobre o assunto, Padilha disse que o assunto será debatido no Senado, mas rebateu que o governo também teve vitórias importantes na semana, como a aprovação do projeto da igualdade salarial entre homens e mulheres.

“Acho que teve um recado específico em relação ao decreto. Tem uma posição da Câmara contra alguns conteúdos. Tem um recado inclusive que é de parlamentares de vários partidos, inclusive da base do governo. Nós vamos ter oportunidade agora no Senado de poder discutir melhor a situação. Tivemos a aprovação do projeto da igualdade salarial, mostrando a força também que temos. A gente sabe que vai ter dia de vitórias, vai ter dia de empates, vai ter dia que não necessariamente vai ter vitória, só não pode é perder a final. Esse time está pronto para ganhar a final”, reiterou.

Durante o lançamento do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que será liderado por Padilha, Lula se referiu diretamente ao seu principal responsável pela relação com parlamentares no Congresso e cobrou o ministro que reforce a comunicação com os congressistas. "Espero que ele tenha a capacidade de organizar, de articular, que ele teve no conselho, dentro do Congresso Nacional. Aí vai facilitar muito a vida", afirmou

Parlamentares creditaram ainda o movimento ‘surpresa’ do Congresso ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, que não teria proposto sugestões para negociações ou diálogo. No entanto, interlocutores têm destacado que a responsabilidade pelo fracasso de pautas importantes ao governo também recai sobre o próprio presidente Lula, que, ao viajar frequentemente desde o início do ano, tem deixado de marcar presença junto aos parlamentares.

“O governo vai continuar com a sua estratégia de formação não só da base de governo mas também de diálogo com os setores da oposição. Porque os temas centrais do debate do governo neste primeiro semestre que são o marco fiscal e a reforma tributária, a recriação dos programas sociais como o Minha Casa Minha Vida, o novo Bolsa Família, a medida provisória que recria os ministérios são temas que envolvem diálogo com a oposição. Nós vamos continuar com as várias estratégias para ter as vitórias nas votações mais importantes e decisivas”, continuou Padilha.

CPMI

A respeito da instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos terroristas do dia 8 de janeiro, Padilha, destacou que o governo está preparando a indicação de membros para a CMPI e repetiu que a instalação da comissão será um espaço para colocar “uma pá de cal” em teorias terraplanistas envolvendo os atos terroristas do dia 8 de janeiro de que governistas estariam envolvidos.

“O governo tem indicado membros tanto na Câmara quanto no Senado e estou convencido de que a CPMI vai ser a pá de cal na teoria terraplanista de quem quer culpar as vítimas que é o Congresso Nacional, o Supremo, o Executivo e a democracia pelo crime dos atos terroristas do dia oito de janeiro. A CPMI vai ser um espaço que vai botar uma pá de cal nessa teoria terraplanista de quem quer culpar as vítimas por isso. Estou absolutamente convencido. Retomamos essa semana e continuaremos junto com os líderes o processo de indicação dos membros”, emendou.

Padilha reforçou que o governo continuará priorizando as investigações realizadas pela Polícia Federal envolvendo os ataques e citou que, até o momento, mais de 1.300 pessoas já foram identificadas e indiciadas, cerca de 200 réus acolhidos pelo Judiciário e que as apurações já levaram a mais de R$ 20 milhões bloqueados pela Advocacia-Geral da União (AGU) de financiadores de atos terroristas. O ministro também citou a operação envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a suposta fraude no cartão de vacina.

“Essa ação da Polícia é fundamental para descobrir, de fato, quem financiou, quem mobilizou os ataques. Nesta semana, a PF identificou algo mais grave envolvendo a falsificação dos dados de vacinação do ex-presidente. Isso pode envolver pessoas muito diretamente ligadas a Bolsonaro na mobilização dos atos golpistas e de ataques à democracia. É preciso continuar apurando os responsáveis pelos atos terroristas”, concluiu.

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