Em depoimento na tarde de ontem, na Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter conhecimento do esquema para fraudar cartões de vacinação em seu nome e da sua família. Dessa forma, deixou na conta do ex-ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, e dos outros presos na Operação Venire, desfechada em 3 de maio, a articulação para a inserção dos dados falsos no sistema do Ministério da Saúde — cujo objetivo seria gerar documento com informações forjadas para uma viagem aos Estados Unidos.
Em uma das perguntas do inquérito que apura a fraude, Bolsonaro foi questionado sobre conversas recolhidas no celular de Cid e dele próprio, apreendidos em uma ação da corporação no Distrito Federal. O ex-presidente negou qualquer envolvimento. Indagado se o esquema poderia ter sido criado à sua revelia, insistiu não saber das irregularidades.
Em outra resposta, Bolsonaro disse que se Mauro Cid inseriu dados falsos no sistema do ministério, isso ocorreu por conta própria do tenente-coronel do Exército e não foi por ordens dele. No entanto, o ex-presidente ressaltou não acreditar que o militar tenha participado da fraude.
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Em três horas de depoimento, Bolsonaro respondeu a 60 perguntas e não se recusou a abordar nenhum assunto. A PF pretende saber do ex-presidente se ele tinha conhecimento do esquema da fraude nos cartões e se partiu dele a ordem para acessar o sistema do Ministério da Saúde e inserção dos dados falsos sobre vacinação contra a covid-19. À época, a apresentação desse documento na alfândega dos EUA era uma exigência para a maioria das pessoas, em razão da pandemia.
A Operação Venire fez buscas na casa do ex-presidente, em Brasília, de provas do envolvimento do ex-presidente no esquema. Seis pessoas foram presas — entre elas o ex-assessor Max Guilherme e Ailton Gonçalves, ex-major do Exército e chamado pelo ex-presidente de "Irmão 02". Os celulares de Bolsonaro e Cid foram apreendidos.
As diligências realizadas até agora apontam que o ex-presidente tinha ciência da fraude. De acordo com fontes ligadas à investigação, a participação de Bolsonaro fica explícita em razão de mensagens encontradas nos celulares. Além disso, para viajar aos EUA, ele, parentes e pessoas próximas teriam apresentado cartões de vacina adulterados. Na oitiva, Bolsonaro foi descrito como alguém com nítidos sinais de desconforto e nervosismo.
Amanhã é a vez de Cid ser ouvido. A expectativa é de que dê detalhes de como ocorria a fraude. (RS com Mariana Albuquerque, estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi)
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