Diplomacia

Em conversa com Putin, Lula dispensa ida à Rússia

Presidente tem sido visto pela comunidade internacional como um aliado de Moscou, ao não condenar com veemência a invasão da Ucrânia. Desencontro com Zelensky, no Japão, ainda repercute mal

Mariana Albuquerque*
postado em 27/05/2023 03:55
 (crédito: Reprodução/YouTube TV Brasil)
(crédito: Reprodução/YouTube TV Brasil)

Por meio das redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou, nesta sexta-feira, que conversou, por telefone, com o presidente Vladimir Putin e que recusou um convite para o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, na Rússia. A resposta do petista vem depois das críticas que recebeu por não ter se reunido com Volodymyr Zelensky, na reunião do G7, em Hiroxima, no Japão. A diplomacia brasileira afirmou que o encontro entre eles estava agendado, mas o presidente da Ucrânia não apareceu.

No contato com Putin, Lula reiterou que pretende articular uma conversa para cessar um possível cessar fogo entre Rússia e Ucrânia, junto com Índia, Indonésia e China. "Conversei agora, por telefone, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Agradeci a um convite para ir ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, e respondi que não posso ir a Rússia neste momento. Mas reiterei a disposição do Brasil, junto com a Índia, Indonésia e China, de conversar com ambos os lados do conflito em busca da paz", tuitou Lula.

Apesar de nos organismos multilaterais internacionais o Brasil condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, as afirmações de Lula fizeram com que ele recebesse críticas por não ser veemente nas críticas a Putin. No G7, ele disse que, apesar dos esforços, neste momento não há interesse das partes em falar sobre a paz. O comentário do presidente mais uma vez foi entendido como alinhamento com Putin.

Para Lula, para que haja negociação, os dois lados terão que ceder em alguma medida. "O Celso Amorim [assessor internacional da Presidência] foi lá na Rússia e depois na Ucrânia. E o Amorim falou que, por enquanto, eles não querem conversar sobre paz. Se um tem uma proposta, é a rendição do outro, se o outro tem uma proposta, é a rendição do primeiro. E ninguém vai se render. Negociação não é rendimento e vai ter um momento que vão querer uma negociação", disse no Japão.

Entretanto, em um dos momentos mais constrangedores do G-7, ao chegar para participar de uma reunião, Zelensky é recebido por vários líderes internacionais, enquanto Lula permanece sentado e não faz um único gesto na direção do presidente ucraniano.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

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