poder

Na CPLP, Lula consolida liderança do Brasil entre países lusófonos

Presidente participa, hoje, de encontro em São Tomé e Príncipe. Grupo de nações que falam o português pretende aprofundar cooperação em temas como educação, saúde, segurança alimentar e meio ambiente

 Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Encerramento do Fórum Econômico Brasil-Angola. Hotel Intercontinental, Luanda - Angola. -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Encerramento do Fórum Econômico Brasil-Angola. Hotel Intercontinental, Luanda - Angola. - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
Ingrid Soares
postado em 27/08/2023 03:55

Depois das passagens pela África do Sul e por Angola, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa hoje, em São Tomé e Príncipe, da XIV Cúpula dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Sob o tema "Juventude e Sustentabilidade", o grupo — que é composto por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e Timor-Leste — pretende aprofundar cooperação em temas como educação, saúde, segurança alimentar, trabalho e meio ambiente.

Para especialistas ouvidos pelo Correio, o giro africano de Lula reforça o esforço do Brasil em se tornar um protagonista do cenário global, em especial na comunidade da língua portuguesa — condição negligenciada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, as frequentes viagens têm dois objetivos: fazer um contraponto em relação ao antecessor e reconstruir a imagem do presidente como um interlocutor de projeção mundial, e não somente regional.

Segundo o cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, a participação de Lula CPLP consolida a liderança brasileira entre os países lusófonos. E isso é pouco maios de oito meses de governo.

"Ele vai aproveitar todos esses fóruns internacionais para puxar temas globais. A questão de apoio, crítica a determinadas instituições, como a questão do FMI — que para ele deveria converter a dívida de países africanos em obras —, as falas em relação a outras moedas que não apenas o dólar. A agenda vai ser muito mais focada no nível pessoal, nos interesses do presidente, na política externa do presidente do que propriamente no grupo desses países", observa.

Referência

Para o cientista político André César, a reunião torna o Brasil o traço de união entre Portugal e os países de língua portuguesa da África e da Ásia. "Haverá, sim, fortalecimento dos laços e Lula aparece como grande condutor do processo. Brasil e Portugal, hoje, retomaram o rumo do entendimento. Essa agenda reforça nosso peso na comunidade. Mostra que somos referência, que precisamos ser seguidos", salienta.

A presença na CPLP também fortalece as relações exteriores e retoma a presença brasileira na África, que, atualmente, tornou-se uma zona de influência chinesa. "Em dezembro, o Brasil assume a presidência do G20, que é, atualmente, o principal fórum de cooperação econômica internacional. Ao inserir a pauta da redução das desigualdades na agenda deste fórum, é de suma importância que o Brasil fortaleça os laços com os países africanos e seja a voz deles no fórum", ressalta a especialista Mariana Cofferri, analista de Relações Internacionais.

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores através do e-mail: sredat.df@dabr.com.br