Diplomacia

No pós-Bolsonaro, governo e esquerda retomam relações com Cuba

Presidente Lula viaja nesta sexta-feira (15/9) ao país caribenho e, no Congresso, parlamentares do PCdoB, PT e PSB reativam Grupo Parlamentar Brasil-Cuba

No encontro no Congresso Nacional, os discursos eram de críticas ao embargo norte-americano a Cuba, que acontece há 60 anos -  (crédito: Evandro Ebóli/ CB)
No encontro no Congresso Nacional, os discursos eram de críticas ao embargo norte-americano a Cuba, que acontece há 60 anos - (crédito: Evandro Ebóli/ CB)
postado em 15/09/2023 10:29 / atualizado em 15/09/2023 10:30

Num dos plenários da Câmara na última quarta-feira (13/9), um ato com representantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com parlamentares da esquerda e diplomatas de países como Cuba, China, Coreia do Norte e Venezuela seria impensado nos anos do governo Jair Bolsonaro.

A reunião marcava o relançamento do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Cuba, um país alvo de críticas do bolsonarismo e apontado pelo ex-presidente como uma das "ditaduras" veneradas por petistas, a exemplo da Venezuela e outros.

O presidente Lula viaja hoje a Cuba, onde participará da Cúpula G-77+China. Será a primeira visita de um presidente brasileiro ao país desde 2014.

No encontro no Congresso Nacional, os discursos eram de críticas ao embargo norte-americano a Cuba, que acontece há 60 anos, elogios ao investimento do governo petista no Porto de Mariel, construído em 2010 com recursos do BNDES, e ataques à gestão de Jair Bolsonaro.

Presente no encontro, o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, anunciou que há duas empresas aéreas brasileiras interessadas em retomar os voos para Havana, com escalas no Peru e na Colômbia.

Coordenadora do grupo Brasil-Cuba, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) fez uma defesa enfática do fortalecimento de relação com Cuba, criticou a represália do governo dos Estados Unidos a países que fazem negócios com o país caribenho e afirmou que o governo Lula irá "restaurar a imagem e parceria com Cuba, que ficou numa área de sombra nos últimos seis anos", se referindo aos governos Bolsonaro e também de Michel Temer (MDB).

A também comunista Jandira Feghali (PCdoB-RJ) classificou o grupo Brasil-Cuba como "a frente parlamentar mais ousada dessa Casa".

Representando o Ministério das Mulheres, a assessora especial da pasta Ana Maria Rocha citou diretamente o governo Bolsonaro e disse que Lula está retomando as relações internacionais com países diversos.

"Felizmente, estamos num governo democrático, que restabelece relações internacionais com todos os países para recompor o desenvolvimento do país. A relação com Cuba tem um simbolismo muito grande, de um país alvo de preconceito. A reinstalação desse grupo faz parte desse novo tempo", disse Ana Maria.

Sinal inequívoco

O Itamaraty enviou o ministro Elio de Almeida Cardoso para o relançamento do grupo Brasil-Cuba. Ele é o diretor do Departamento de México, América Central e Caribe do Ministério das Relações Exteriores. O diplomata disse que a visita de Lula a Cuba, a partir de hoje, é um marco e um "sinal inequívoco do governo brasileiro em reativar a agenda" com Cuba.

Ele ainda listou algumas áreas potenciais de parceria entre os dois países e também citou a exploração do Porto de Mariel e conhecimentos de biofarmacêutica. Os dois países discutirão questões vinculadas à segurança alimentar e cooperação no setor agrícola.

 

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