JULGAMENTO 8/1

Advogado que ofendeu Moraes e Barroso é desfiliado do Solidariedade

Durante a sustentação da defesa do cliente, Hery criticou a condução de Moraes no julgamento e disse que o ministro tem "raiva e rancor" de patriotas

Hery já foi vereador em Votuporanga (SP) e é suplente de deputado estadual em São Paulo pelo Solidariedade -  (crédito: Youtube TV Justiça/Reprodução)
Hery já foi vereador em Votuporanga (SP) e é suplente de deputado estadual em São Paulo pelo Solidariedade - (crédito: Youtube TV Justiça/Reprodução)
postado em 15/09/2023 01:28 / atualizado em 15/09/2023 10:35

O advogado Hery Kattwinkel, que defendeu o segundo réu do julgamento dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro no Supremo Tribunal Federal (STF), foi expulso do partido Solidariedade após disparar ofensas contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Durante a sustentação oral da defesa do cliente, Thiago de Assis Mathar, Hery criticou a condução de Moraes no julgamento e disse que o ministro “inverte o papel de julgador” e “passa de julgador a acusador”.

“É um misto de raiva com rancor, com pitadas de ódio, quando se fala dos patriotas, que são aqueles que amam seu país”, declarou Hery na tribuna do STF. O advogado também usou uma informação falsa creditada a Barroso para defender o cliente e afirmou que o ministro teria dito que “eleição não se ganha, se toma”. O cliente de Hery foi condenado a 14 anos de prisão. 

Em nota oficial publicada nas redes sociais, o Solidariedade, partido ao qual Hery — que é suplente de deputado estadual por São Paulo — é filiado, repudiou o comportamento do advogado e comunicou a “expulsão imediata” do homem.

“Aqui não tem espaço para ataques à democracia! Decidimos expulsar do nosso quadro de filiados o advogado Hery Kattwinkel, que proferiu graves ofensas aos ministros do STF durante julgamento realizado hoje, em Brasília”, diz a nota.

A sigla ainda diz que é “um partido com inabalável compromisso com a defesa do Estado Democrático de Direito e jamais admitirá que qualquer de seus filiados afaste-se desse princípio”.

“Quem se valer de qualquer espaço para difundir discursos de ódio para angariar apoio de movimentos que visam minar ou derrubar as instituições democráticas brasileiras, definitivamente, não encontrará espaço no Solidariedade”, conclui o partido.

Hery já foi vereador em Votuporanga (SP) e é suplente de deputado estadual em São Paulo pelo Solidariedade. Nas redes sociais, aparenta proximidade com o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos).

Em nota, enviada ao Correio, Hery Kattwinkel disse que recebeu com tranquilidade a decisão do partido até mesmo "porque estando lá pude observar que as diretrizes que o partido defende não são as mesmas que eu defendo." O advogado ainda disse que, no entanto,  a decisão colabora com a argumentação dele de que "os julgamentos dos manifestantes do 8 de janeiro são mais políticos que jurídicos." Hery ainda disse que é "veementemente, contra atos de vandalismos, não concordo com atitudes de bandalheiros, todavia há que se individualizar as condutas e separar o joio do trigo." (veja a nota completa no fim da matéria) 

Ministros repreenderam advogado

Barroso desmentiu a fala. “Jamais disse essa frase, é mais uma fraude que se pratica online, eles precisam da mentira, se alimentam da mentira, e propagam a mentira”, alegou o magistrado. A frase foi dita, segundo Barroso, pelo senador Messias de Jesus, que relembrava dos resultados das eleições feitas com voto impresso e como eram manipuladas.

Moraes também repreendeu o advogado e disse ser “medíocre” que o defensor tenha proferido um “discurdo de ódio para postar depois nas redes sociais, talvez esteja querendo ser vereador nas eleições do ano que vem”.

“O réu aguarda que seu advogado venha aqui defender tecnicamente, mas o advogado não analisou nada, não analisou associação criminosa, dano, porque o advogado preparou um discursinho para postar em redes sociais”, disse.

Veja a nota completa de Hery Kattwinkel

Recebo com tranquilidade e respeito a decisão do Partido. Até mesmo porque estando lá pude observar que as diretrizes que o partido defende não são as mesmas que eu defendo. De toda forma, eu sou grato pelo período que estive no partido.

Contudo, esta decisão colabora com minha argumentação de que os julgamentos dos manifestantes do 8 de janeiro são mais políticos que jurídicos.
Sou, veementemente, contra atos de vandalismos, não concordo com atitudes de bandalheiros, todavia há que se individualizar as condutas e separar o joio do trigo. Tese defendida a todo momento.

O próprio Ministro Nunes Marques reconheceu em seu depoimento que havia diversos grupos no local, é que não há indícios de que meu cliente estava envolvido em atos agressivos, foi monitorado por câmeras de segurança durante toda sua estadia no Planalto (conforme laudo do processo) e não ENCOSTOU em qualquer objeto, ou depredou o patrimônio público.
Discordo com todo respeito da fundamentação quanto a minha saída, quem ver por completo minha sustentação oral eu tive uma postura de respeito perante o STF, porém combativa frente as ilegalidades que percebi durante todo processo e não poderia em defesa do meu cliente me acovardar em sua defesa.

Tenho respeito pela corte e seus membros, quanto pelo judiciário brasileiro! E além disso, eu estava lá como advogado, defendendo os direitos do meu cliente, e a verdade é que toda essa situação transcende a uma questão apenas penal, afinal é uma vida, é uma família, são filhos achando que o pai morreu após a ausência de mais de 8meses, e tendo isso como princípio, foi o que eu defendi.

A família do Thiago confia no meu trabalho, e nisso está meu foco, entregar o melhor aos meus clientes. Por fim o fato de errar o nome do livro que tanto atacam, é uma questão tranquila é natural pra qualquer pessoa, uma vez que sei do potencial jurídico de nosso escritório e se trata de um erro meramente formal frente ao calor do momento, corrigido logo em seguida! O que nos causa profunda tristeza é quando uma frase errada – e ou - uma citação errada e prontamente corrigida tem mais destaque do que frente a inúmeras violações de garantias constitucionais de um cidadão brasileiro.

Por fim quero dizer que a profissão de advogado exige coragem e determinação. Esta decisão nos mostra que ter posição traz consequências positivas e negativas que um homem precisa estar preparado, afinal nunca sabemos quem será o próximo acusado, e um dia pode ser você que precisa de alguém lutando por seus direitos!

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