Oposição

Ciro Nogueira defende oposição ao governo: "Água e óleo não se misturam"

Agenda do PP foi aprovada ontem (19/9) pela Executiva Nacional da legenda e traz 11 valores "inegociáveis' que podem dificultar adesão dos membros à base governista; partido integra Esplanada há uma semana

Presidente do PP é contra a adesão da legenda ao governo. Partido comanda o Ministério dos Esportes há uma semana -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Presidente do PP é contra a adesão da legenda ao governo. Partido comanda o Ministério dos Esportes há uma semana - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
postado em 20/09/2023 12:03 / atualizado em 20/09/2023 12:04

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PP-PI), declarou nesta quarta-feira (20/9) que "água e óleo não se misturam", após a legenda aprovar, ontem, uma Agenda Central com "valores pétreos", que contrariam pautas defendidas pelo governo. O documento foi elaborado uma semana após o partido entrar na Esplanada dos Ministérios.

O documento traz temas como o combate a invasões de terras, defesa de privatizações e flexibilização dos direitos trabalhistas. O senador é vocalmente contra a adesão ao governo, consolidada após a nomeação do então líder do PP na Câmara dos Deputados, André Fufuca, ao Ministério dos Esportes.

"A Executiva Nacional do Progressistas aprovou por unanimidade a Agenda Central, nossas cláusulas pétreas, nossos princípios essenciais que devem ser seguidos por todos no partido. São a nossa essência, o que nos fazem sermos o que somos. A nossa identidade para dizer, em última instância: água e óleo não se misturam! Em nossas convicções centrais, fecharemos até questão. Seremos uma só voz", frisou Nogueira em sua conta no X (antigo Twitter).

Outros parlamentares, porém, especialmente o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), falam publicamente que é natural a legenda aderir à base governista após ganhar um ministério.

A Agenda Central do PP foi aprovada pela Executiva Nacional da legenda durante reunião ontem na Câmara. O texto é de autoria da líder do partido no Senado, Tereza Cristina (PP-MS). Em nota, a sigla enfatizou que a agenda "deverá ser obedecida por todos os integrantes do partido, independentemente de acordos locais ou apoio ao governo federal ou a governos estaduais".

Combate a invasões e privatização

O documento traz 11 princípios que devem ser seguidos, com um breve texto detalhando cada um. Ao citar posição contrária ao aumento de impostos, a legenda critica o retorno da contribuição sindical, aprovado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Na área econômica, o partido também defende a redução dos entraves burocráticos a empreendedores e o direito à propriedade. "Proteger propriedades, combater invasões e assegurar os direitos dos legítimos proprietários não apenas traz segurança, mas também fomenta o investimento e a iniciativa privada", diz o texto, sem explicitar o combate a invasões de terra.

Em relação à gestão pública, o partido defende que "privatizações estratégicas podem transformar empresas deficitárias, aliviando o fardo sobre os contribuintes e revitalizando nossa economia". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), porém, é veementemente contra as privatizações.

O partido também se posiciona em defesa da liberdade religiosa e valorizando a família, posicionamentos que agradam ao eleitorado conservador. "Paralelamente, a valorização da vida desde sua concepção até a terceira idade emerge como um pilar fundamental para moldar uma sociedade mais cuidadosa e respeitosa. Enfatizamos que todas as vidas possuem valor inestimável, e este princípio abrange desde os não nascidos até mulheres grávidas, famílias e idosos", aponta, posicionando ainda a sigla como contrária à legalização do aborto.

O último princípio da agenda trata de segurança pública e combate à corrupção, citando também o debate sobre a descriminalização das drogas. "Reforçando nosso compromisso, nos posicionamos contra a descriminalização das drogas, defendendo a prevenção e a educação como pilares para um país livre do flagelo das drogas", registra o documento.

O PP se divide entre integrantes que defendem a adesão à base governista, especialmente a bancada na Câmara, e os que se posicionam em oposição a Lula. Um dia antes da criação da Agenda, Arthur Lira, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, disse que a "tendência natural" é que PP e Republicanos integrem os governistas após a indicação de ministros, mas ressaltou que não é possível garantir que todos os integrantes vão votar a favor do governo.

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