Ex-presidente

Após silêncio na PF, Bolsonaro chama de "vexame" política externa de Lula

Ex-presidente Bolsonaro compareceu a lançamento de frente parlamentar criada pelo aliado Zé Trovão, que até maio deste ano era obrigado a usar tornozeleira eletrônica, imposta pelo STF

Bolsonaro durante lançamento de frente parlamentar, ao lado do deputado Zé Trovão e da cantora Sula Miranda  -  (crédito: Correio Braziliense)
Bolsonaro durante lançamento de frente parlamentar, ao lado do deputado Zé Trovão e da cantora Sula Miranda - (crédito: Correio Braziliense)
postado em 19/10/2023 11:29 / atualizado em 19/10/2023 11:31

Depois de ficar calado durante um depoimento na sede da Polícia Federal na tarde de quarta-feira (18/10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à noite na festa do lançamento de uma frente parlamentar organizada pelo deputado Zé Trovão (PL-SC), que até maio deste ano era obrigado a usar tornozeleira eletrônica, imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

No evento, Bolsonaro reencontrou antigos aliados e sentou-se na mesa principal, ao lado de Trovão e também da cantora Sula Miranda, conhecida como a "rainha dos caminhoneiros". O deputado lançou duas frentes: a das Cooperativas de Transportes Rodoviários e de Cargas e a da Defesa do Caminhoneiro Autônomo.

Em seu discurso, com duração de seis minutos, Bolsonaro elogiou seu governo e atacou a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente afirmou ser considerado pelos caminhoneiros o "ex-(presidente) mais querido", e listou ações que adotou e que entende terem beneficiado esse setor, como o aumento de 20 pontos para 40 pontos no limite para um motorista perder a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), lei que sancionou no final de 2020.

Críticas a Lula

Bolsonaro também atacou a política externa de Lula e a atuação do governo na crise no Oriente Médio. E elogiou seu governo nas relações exteriores. "Fizemos um bom trabalho na questão da política externa. O Brasil está passando mais um vexame. Olhem o papel do Itamaraty em Israel. Somos muito solidário com aquele Estado. O grande mal do povo brasileiro é achar que o que acontece lá fora nunca acontecerá conosco. Se queremos paz, oportunidade, progresso e liberdade, temos que nos cuidar", disse Bolsonaro, para uma plateia de parlamentares e de convidados ligados aos caminhoneiros.

O ex-presidente criticou, ainda, a condução da economia brasileira, que, segundo ele, está "patinando", se dirigindo à categoria dos caminhoneiros.

"Vocês não podem perder o que conquistamos a duras penas. No momento da crise da guerra entre Ucrânia e Rússia tivemos alta do combustível no mundo inteiro e zeramos o imposto federal. Gás de cozinha, álcool, diesel e gasolina. Trouxe certa tranquilidade botando o preço lá embaixo", e citou a economia na gestão petista: "No nosso tempo tinha mais trabalho para vocês e hoje o trabalho de vocês está ameaçado com a economia patinando".

O ex-chefe do Executivo falou que é preciso derrotar o "comunismo" para o país voltar logo à normalidade. E criticou novamente o presidente petista com uma metáfora de futebol.

"Eu já vi time de futebol sem torcida ser campeão, mas não vi ainda se eleger um presidente do Brasil sem o povo. Pela primeira vez isso aconteceu no Brasil. Mas a verdade aparecerá."

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomou, na terça-feira (17), o segundo julgamento contra Bolsonaro. Estão na pauta três ações sobre o uso da estrutura da Presidência na campanha de 2022. Ele já foi condenado em junho pela corte por ataques ao sistema eleitoral, quando teve os direitos políticos suspensos, o que na prática significa que o ex-presidente estará fora das eleições nos próximos oito anos.

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