8 de janeiro

Empresa que vendeu à PRF tem linha direta com trumpismo

Combat Armor pertence a dois irmãos contra os quais pesa a suspeita de trabalharem pela invasão do Capitólio. Representante deles no Brasil está na lista de foragidos da Interpol

Mark (E) e Daniel Beck (D), donos da Combat Armor. Maurício Junot (C) os representou no Brasil  -  (crédito: Reprodução/Redes sociais)
Mark (E) e Daniel Beck (D), donos da Combat Armor. Maurício Junot (C) os representou no Brasil - (crédito: Reprodução/Redes sociais)
postado em 23/10/2023 03:55

A Combat Armor pertence aos irmãos gêmeos Daniel e Mark Beck, que participaram do financiamento da campanha do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Também são apontados por terem envolvimento com a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

"A Combat Armor tem ramificações nos Estados Unidos e, por isso, a gente fechou uma cooperação internacional para auxiliar na condução das investigações", afirmou o procurador do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro Eduardo Benones.

Além da PRF, a Combat Armor venceu licitações para fornecer equipamentos à Polícia Federal (PF) e à Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMRJ). Em 2020, e em menos de 10 dias, sagrou-se vencedora de três pregões da Superintendência da PRF no Rio de Janeiro, cuja chefia era de Silvinei Vasques — que, posteriormente, foi nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro diretor-geral da corporação (ficou de abril de 2021 a dezembro de 2022). Investigações apontam, também, conexões financeiras consideradas suspeitas pelas autoridades entre Silvinei e a Combat Armor.

Conforme o relatório da CPMI, as licitações vencidas pela empresa foram feitas no período em que o país vivia a primeira onda da covid-19. Quebras de sigilo obtidas pela comissão parlamentar de inquérito apontaram, ainda, que a Combat Armor teria feito pagamentos a Silvinei e pessoas ligadas à gestão do Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro e ao governo do Rio de Janeiro.

A CPMI do 8 de janeiro, porém, não conseguiu quebrar os sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático do ex-diretor-geral da PRF. Em 3 de outubro, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o acesso às informações, como pretendiam os parlamentares. Atendeu a um pedido da da defesa de Silvinei.

Por sua vez, a Combat Armor encerrou as atividades no Brasil. "Após a mudança de governo federal [com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial], a empresa encerrou suas operações no Brasil ainda no primeiro semestre de 2023, não honrando os diversos contratos firmados com a PRF no tocante à entrega de veículo e realização de manutenções periódicas de garantias", salienta o relatório.

Antes de fechar a filial, a Combat Armor foi punida por inconsistências na entrega de equipamentos previstos em licitação. "Exame de órgãos de controle resultou em sanções à empresa. O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e a Justiça Federal do Espírito Santo, por exemplo, aplicaram sanções à problemas relacionados à licitação ou à entrega dos objetos contratados", observa o documento final da CPMI.

O Correio faz contato com a Combat Armor pelos canais disponíveis, mas não obteve resposta.

 

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