Mercosul

Acordo Mercosul-UE fracassa: Lula diz que não foi possível flexibilizar o coração de Macron

Lula disse que o fechamento do negócio era um "sonho. "Nunca antes na história do Mercosul se conversou com tanta gente", alegou

O presidente Lula e líderes do Mercosul posaram para foto oficial da Cúpula -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Lula e líderes do Mercosul posaram para foto oficial da Cúpula - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
postado em 07/12/2023 17:55 / atualizado em 07/12/2023 19:10

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mostrou frustrado nesta quinta-feira (07/12) durante a abertura da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. Diante dos líderes do bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, o chefe do Executivo listou razões pelas quais o acordo entre o Mercosul e a União Europeia não foi selado a tempo do final de seu mandato na presidência pro tempore do grupo. Lula disse que o fechamento do negócio era um "sonho".

"Confesso a vocês que eu tinha um sonho de que, na minha Presidência, a gente pudesse concluir [o acordo] da forma majestosa que eu achei que poderia ser feito e que eu achava que a gente merecia [...] Sabem do esforço que fizemos. De qualquer forma, não deu certo", lamentou, ressaltando que ainda assim, "nunca antes na história do Mercosul se conversou com tanta gente".

Lula relatou ter pedido ao chanceler alemão, Olaf Scholz, que conversasse com o presidente francês, Emmanuel Macron, para convencê-lo de fechar o acordo, sem sucesso.

"Já conhecíamos um pouco a posição da Argentina, do Macron que fez questão de dar entrevista para a imprensa dizendo que não tinha como fazer acordo e eu ainda continuei falando que acreditava, que era possível fazer acordo porque acreditava que na reunião era possível surgir alguma novidade. Scholz me disse que ia conversar com o Macron para ver se conseguia flexibilizar o coração dele, mas não deu retorno. Significa que ele também não conseguiu", emendou.

Lula criticou o texto anterior sob a presidência de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que o texto atual "é mais equilibrado do que estava no outro governo", mas, mesmo assim é "insuficiente". Ele também criticou a resistência europeia pelo acordo e apontou "protecionismo". A negociação se arrasta há 20 anos.

"A resistência da Europa é muito grande. Eu estranho a falta de flexibilidade deles de entender que nós ainda temos muita coisas para crescer, desejo de industrializar e só precisamos de flexibilizar, deles comprarem alguma coisa nossa com maior valor agregado mas eles ainda não estão sensíveis para isso", continuou.

"Eu tenho como lema não desistir nunca. Porque não existe nada que seja impossível da gente concretizar, mesmo essa tentativa de acordo com a União Europeia. Já está durando há 23 anos, mas a gente tem que continuar tentando."

Ao presidente do Paraguai, Santiago Peña que toma a frente da presidência rotativa do bloco, pediu para que ele não desista.

"Acho companheiro Peña, quando assumir a presidência, não desista nunca, teima e converse porque é assim mesmo. A União Europeia precisa reconhecer a credibilidade dos dados do nosso sistema nacional de monitoramento e certificação do desmatamento. Eu não vou ficar prestando conta do que a gente faz para qualquer um. Tratamos das questões ambientais com muita seriedade", pontuou.

No final da tarde, o bloco divulgou um comunicado apontando que "a UE e o Mercosul estão engajados em discussões construtivas com vistas a finalizar as questões pendentes no âmbito do Acordo de Associação".

"Nos últimos meses, registraram-se avanços consideráveis. As negociações prosseguem com a ambição de concluir o processo e alcançar um acordo que seja mutuamente benéfico para ambas as regiões e que atenda às demandas e aspirações das respectivas sociedades", relatou.

"Com base nos avanços efetuados até a presente data nas negociações, ambas as partes esperam alcançar rapidamente um acordo que corresponda à natureza estratégica dos laços que as vinculam e à contribuição crucial que podem oferecer para enfrentar os desafios globais em áreas como o desenvolvimento sustentável, a redução das desigualdades e o multilateralismo", finalizou o documento.

 

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