INVESTIGAÇÃO

Bolsonaro diz que operação da PF contra Ramagem é "implacável perseguição"

A PF apura possível organização criminosa que teria se instalado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades públicas

Alexandre Ramagem comandou a Abin no governo de Bolsonaro -  (crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)
Alexandre Ramagem comandou a Abin no governo de Bolsonaro - (crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)
postado em 25/01/2024 14:14

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PF) disse que a operação da Polícia Federal contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), deflagrada na manhã desta quinta-feira (25/1), é uma "implacável perseguição". A declaração foi dada em uma lista de transmissão no WhatsApp. A PF apura possível organização criminosa que teria se instalado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades públicas. O parlamentar comandou a agência no governo de Bolsonaro.

O ex-presidente também compartilhou nas redes sociais um vídeo do ano passado em que Ramagem afirma que o sistema de monitoramento da Abin foi adquirido em 2018, ainda no governo o ex-presidente Michel Temer. "A ferramenta teve parecer técnico favorável da AGU. Quando nós ingressamos na Abin, no meio de 2019, fizemos auditoria em todos os contratos", disse Ramagem.

De acordo com a Polícia Federal, o grupo, formado por policiais federais e servidores da Abin, usava ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial. Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

A ação é uma continuidade da operação Última milha, deflagrada no ano passado. Segundo a PF, as provas obtidas a partir das diligências executadas à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal.

A Polícia Federal também investiga se a Agência Brasileira de Inteligência montou uma investigação paralela para livrar Jair Renan de um inquérito que apurava negócios envolvendo o filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Deputado federal eleito pelo PL em 2022, Alexandre Ramagem é ex-delegado da Polícia Federal (PF), função que desempenhou até o começo do mandato de Bolsonaro, em 2019  Na Câmara, ele é um dos vice-líderes do PL e é titular da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e do Conselho de Ética. Ramagem também é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições municipais deste ano.

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